domingo, 22 de janeiro de 2017

Algo novo e bom

Comentário ao evangelho do terceiro domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico, Mateus 4, 12-23.
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Pergunta sobre o que se faz pelo irmão contribui para que se viva com mais lucidez e dignidade. (Divulgação)
Por José Antonio Pagola*

O primeiro escritor que recolheu a atuação e a mensagem de Jesus resumiu tudo dizendo que Jesus proclamava a “Boa Nova de Deus”. Mais tarde, os demais evangelistas utilizam o mesmo termo grego (euaggelion) e expressam a mesma convicção: no Deus anunciado por Jesus, as pessoas encontravam algo “novo” e “bom”.

Há ainda nesse Evangelho algo que possa ser lido, no meio da nossa sociedade indiferente e descrente, como algo novo e bom para o homem e a mulher dos nossos dias? Algo que se possa encontrar no Deus anunciado por Jesus e que não é fornecido facilmente pela ciência, pela técnica ou pelo progresso? Como é possível viver a fé em Deus nos nossos dias?

No Evangelho de Jesus, os crentes se encontraram com um Deus do qual sentem e vivem a vida como uma oferenda que tem sua origem no mistério último da realidade que é o Amor. Para mim, é bom não me sentir só e perdido na existência, nem nas mãos do destino ou do azar. Tenho Alguém em quem posso confiar e a quem posso agradecer a vida.

No Evangelho de Jesus, encontramo-nos com um Deus que, apesar da nossa falta de jeito, nos dá força para defender a nossa liberdade sem acabarmos por ser escravos de qualquer ídolo; para seguir aprendendo sempre formas novas e mais humanas de trabalhar e de disfrutar, de sofrer e de amar. Para mim, é bom poder contar com a força da minha pequena fé nesse Deus.

No Evangelho de Jesus, encontramo-nos com um Deus que desperta a nossa responsabilidade para não nos desentendermos dos outros. Não conseguiremos fazer grandes coisas, mas sabemos que podemos contribuir para uma vida mais digna e mais ditosa para todos pensando sobretudo nos mais necessitados e indefesos. Para mim, é bom acreditar num Deus que com frequência me pregunta o que faço pelos meus irmãos. Contribui para que viva com mais lucidez e dignidade.

No Evangelho de Jesus, encontramo-nos com um Deus que nos ajuda a vislumbrar que o mal, a injustiça e a morte não têm a última palavra. Um dia, tudo o que aqui não pôde ser, o que ficou a meio, os nossos maiores anseios e os nossos mais íntimos desejos alcançarão em Deus a sua plenitude. A mim faz-me bem viver e esperar a minha morte com esta confiança.

Cada um de nós deve decidir como quer viver e como quer morrer. Cada um deve escutar a sua própria verdade. Para mim, não é o mesmo acreditar em Deus que não acreditar nele. Para mim, faz bem realizar o caminho por este mundo sentindo-me acolhido, fortalecido, perdoado e salvo pelo Deus revelado em Jesus.


IHU

*José Antonio Pagola é padre e teólogo espanhol.

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