sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Liberdade de cultos: a saudável convivência de fés

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Políticas públicas não são honestamente refletidas por causa do peso religioso que se dá para algumas questões.
Não reconhecimento ao direito de exercício da fé alheia provoca consequências graves .
Não reconhecimento ao direito de exercício da fé alheia provoca consequências graves . (Reprodução)
Por Felipe Magalhães*

Amanhã, 07, o dia será dedicado às reflexões sobre Liberdade de Cultos. Tema de suma importância em nosso país, em que a intolerância religiosa nos coloca numa realidade de violência que desumaniza. A intolerância religiosa é praticada cotidianamente nos meios pentecostais e neopentecostais, evangélicos e católicos. Essa intolerância atinge, sobretudo, grupos de fés de matriz africana, tal como Umbanda e Candomblé. O não reconhecimento ao direito de exercício da fé alheia provoca consequências graves para pessoas não cristãs, no Brasil.

Isso está longe de ter fim, quando mais e mais políticos chegam a ocupar cargos públicos, alçados pelo voto de fiéis, manipulados de muitas formas a votarem em seus líderes religiosos, ou nos candidatos apoiados por eles. Políticas públicas não são honestamente refletidas por causa do peso religioso que se dá para algumas questões. E as minorias religiosas, bem como outras minorias, padecem intolerância, desrespeito e outros danos, porque não têm suas fés reconhecidas como legítimas, pelos que se dizem cristãos. Tudo isso num país que, segundo sua Constituição, é laico.

Para que os cristãos – católicos e evangélicos – rompam com a tentação da intolerância religiosa, situação que desumaniza a nós e aos outros, é preciso voltar ao Evangelho de Jesus, e aprender dele o respeito e a defesa da liberdade de todos e todas. É o que refletimos no artigo Fora do amor não há salvação, de nossa autoria.

O artigo A necessidade do diálogo na busca pelo sentido, de Frei Dr. Célio de Pádua Garcia, analisa o tema da liberdade religiosa no Brasil, considerando, também, o nível internacional. Como caminho possível de convivência saudável entre as religiões, o diálogo é fundamental para reconhecimento da própria identidade e da identidade dos outros.

O terceiro artigo de nossa matéria especial, Rezamos diferente, mas também rezamos juntos, da Ms. Tânia da Silva Mayer, faz uma leitura da importância das celebrações para os momentos mais importantes e de passagem. Como característica fundamental das culturas humanas, as celebrações ganham muito sentido para a tradição cristã, pois remetem à vida de Cristo, celebrada e assumida na vida dos cristãos e cristãs. As celebrações ecumênicas, nesse horizonte, são importantes para reunir os diferentes na igualdade, e, a partir do sentido mesmo que dão para a fé, celebrarem a fraternidade e a convivência.

Boa leitura!

*Felipe Magalhães Francisco é mestre em Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Coordena a Comissão Arquidiocesana de Publicações, da Arquidiocese de Belo Horizonte. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015).

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