sábado, 25 de fevereiro de 2017

Construção de um 'parque temático cristão' na terra natal de Mao Tsé-tung gera protestos

 domtotal.com
Ao mesmo tempo que promove construção, governo persegue cristãos e demole outras igrejas.
'Parque' inclui uma igreja de linhas arrojadas com mais de 80 metros de altura.
'Parque' inclui uma igreja de linhas arrojadas com mais de 80 metros de altura. (Reprodução)

A construção, pelo governo, de um enorme “parque temático cristão” na cidade de Changsha, onde o líder da revolução comunista chinesa despertou, de alguma forma, para a política, está a provocar uma onda de protestos.

O referido “parque”, que inclui uma igreja de linhas arrojadas com mais de 80 metros de altura, além de um “centro de estudos bíblicos”, está a ser contestado também pela população local que o considera como uma “invasão cultural”.

Para muitos chineses, a região de Changsha é “sagrada”, por ser um local tão marcante para a vida de Mao Tsé-tung, e não entendem como pode o governo empenhar-se na construção de uma infra-estrutura de carácter religioso nesta cidade.

De facto, além da questão da localização, este projecto representa um sinal contraditório sobre a posição do governo chinês face à liberdade de culto dos cristãos.

Se em Changsha patrocina a edificação de um templo de dimensões grandiosas, a verdade é que tem vindo a promover uma política de perseguição pública por exemplo em Wenzhou e Hangzhou, na província de Zhejiang, situada no leste da China, visível na demolição de cruzes e mesmo de alguns templos.

A questão da relação com os cristãos é de facto muito complexa neste país, pois Pequim e Santa Sé não têm relações diplomáticas desde 1951, dois anos depois de Mao Tsé-tung ter proclamado a República Popular da China.

Nesse ano, o regime comunista expulsou o núncio apostólico – o embaixador da Santa Sé – e começou uma dura perseguição aos cristãos, com a detenção de bispos, sacerdotes, irmãs e muitos leigos.

A Santa Sé mudou então a sede da sua representação diplomática de Pequim para Taipé e é hoje um dos poucos Estados que mantém relações com Taiwan em detrimento da China.

Quase uma década depois do fim das relações diplomáticas com o Vaticano, Pequim criou, em 1957, uma “Igreja Patriótica” – a Associação Patriótica dos Católicos Chineses – que tem como missão controlar a actividade dos católicos no país, sendo que é através desta associação que o governo procede à nomeação dos seus bispos.

Os cristãos – bispos, sacerdotes e leigos - que se mantém em fidelidade ao Papa – fazem parte da chamada Igreja Clandestina”.

Actualmente estão em curso negociações entre Pequim e o Vaticano com o propósito de se melhorarem – ou normalizarem – as relações entre ambos os Estados, tendo o Papa Francisco já manifestado, por mais de uma vez, interesse em visitar a China.


Ajuda à Igreja que Sofre

Nenhum comentário:

Postar um comentário