Padre Geovane Saraiva*
O modelo capitalista no Brasil,
numa marca mais acentuada em nossos tempos pela desigualdade social e
estrutural, entrou em cheio na Amazônia e em todo o Brasil. Para a Amazônia,
por opção de vida, seguindo os passos de Jesus de Nazaré, a inesquecível, terna
e afável Irmã Dorothy, por 30 anos, abraçou a proposta do Evangelho, com grande
paixão e amor pela Floresta Amazônica e seus habitantes. Uma mulher forte e
determinada, no seu estilo de vida e com uma mística a causar medo e contrariar
os que desejavam outro projeto para a floresta, que não fosse o projeto de
Nosso Senhor Jesus Cristo, a ponto de tramarem, a exemplo do nosso Mestre e
Senhor: vamos assassiná-la.

“Ninguém tem maior amor do que aquele
que dá a vida por seus amigos” (cf. Jo 15, 13). Dar a vida se pode traduzir por
generosidade, renúncia, doação e testemunho. No amor a Deus e ao próximo está o
eixo central do cristianismo; tudo a partir do coração, por ser o centro da personalidade,
onde se encontra seu fundamento, na busca da dignidade, da justiça e da
solidariedade.
Irmã Dorothy está viva e presente
na vida do seu povo, com sua vida ofertada em sacrifício, em um verdadeiro hino
de louvor a Deus, na sua coragem profética. Ela vai continuar sempre mais amada
e admirada como figura exemplar e referencial, símbolo e patrimônio do povo
brasileiro, no sonho de uma nova realidade, a partir do projeto de nosso Deus e
Pai.
Diante do contexto, ainda muito
vivo entre nós, da morte cruel e brutal da Irmã Dorothy, fica muito presente a
frase de Tertuliano, dita no século terceiro: “Sangue de mártires é semente de
cristãos”. Que tenhamos uma teimosia sempre maior em valorizar e jamais
prescindir da profecia e do testemunho, e se for preciso, inclusive, do próprio
martírio.
Temos consciência de que o
testemunho profético e a mística, inestimável herança de Irmã Dorothy, fiel e
corajosa discípula de Jesus de Nazaré, com seu sangue derramado na Floresta
Amazônica, ainda irá produzir frutos, muitos e bons frutos. Animados pela chama
da esperança pascal, digamos com o Papa Francisco: "O martírio dos
cristãos não é algo do passado, mas muitos deles são vítimas também hoje de
pessoas que odeiam Jesus Cristo" (06/02/2015). Amém!
*Escritor,
blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de
Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE - geovanesaraiva@gmail.com
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