A Campanha da Fraternidade, em 2017, realiza a sua 54ª edição e traz como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15)
Por Dom Pedro Luiz Stringhini*
A Campanha da Fraternidade, em 2017, realiza a sua 54ª edição e traz como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15). Com essa edição, já somam, desde 1979, oito campanhas sobre ecologia e meio ambiente, com os temas: preserve o que é de todos, terra, povos indígenas, água, Amazônia, a vida no Planeta, saneamento básico e biomas brasileiros.
Janeiro_2017Bioma é um conjunto de vida vegetal e animal com condições de clima semelhantes, que resultam em diversidade biológica própria. No Brasil, um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação é similar e contínua, cujo clima é mais ou menos uniforme, e cuja formação tem uma história comum. O Brasil conta com seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa.
A Mata Atlântica acompanha toda a costa litorânea brasileira. No Estado de São Paulo, circunda toda a região metropolitana, onde se apresenta com a beleza e exuberância da flora, a variedade de espécies da fauna, a riqueza dos produtos agrícolas, árvores frutíferas, os rios e a presença de diversos povos e culturas. Infelizmente, no Brasil, cerca de noventa por cento da mata atlântica foi retirada, ainda hoje há espécies de em extinção e muita degradação. De fato, o verde das matas diminui na medida em que se avança no interior do Estado e a aridez aumenta, sobretudo devido ao plantio de cana-de-açúcar, eucalipto e outros fatores.
Árvores que caracterizam a mata atlântica são, em primeiro lugar o Manacá da Serra, seguido das quaresmeiras roxa e rosa, paineira, pau-brasil, jacarandá mimoso, acácias de diversas cores, entre elas a amarela aleluia. O ipê, árvore do Brasil, marca presença com suas cores variadas: roxo, amarelo, rosa e branco. O manacá da serra, quando floresce, no início do ano, proporciona para o observador atento que percorre as estradas (Anchieta, Imigrantes, Índio Tibiriçá, Rodoanel), um espetáculo de rara beleza, seja pela delicadeza de suas cores, seja pelo seu tríplice colorido, visto que sua flor nasce branca e vai tomando, pela ação do sol, a coloração rosa e roxa, tudo isso numa mesma árvore.
Os povos originários desse bioma e os tradicionais grupos humanos que integram os manguezais e suas culturas estão em sintonia com a fauna e flora. São as populações praieiras, quilombolas, remanescentes indígenas, os ‘caiçaras’, pescadores, ribeirinhos, além da imensa concentração populacional urbana. Existe uma consciência ecológica resultante de valores ancestrais de matriz africana e indígena harmonizada pelo e com o catolicismo popular.
As campanhas de cunho ecológico buscam fortalecer, à luz da fé, o empenho pela implantação de políticas públicas que garantam a integridade e o futuro da casa comum, o Planeta Terra. E também suscitar na sociedade atitudes responsáveis de defesa da vida humana e sua dignidade.
Dom Pedro Luiz Stringhini é bispo de Mogi das Cruzes, SP.
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