Agência Ecclesia 25 de Março de 2017, às 20:16
Francisco alertou para o fenómeno do «bullying» entre os mais novos
Milão, 25 mar 2017 (Ecclesia) - O Papa esteve hoje com dezenas de milhares de jovens em Milão, num estádio de San Siro lotado com 78 mil pessoas, para um evento inserido no programa da visita de Francisco à arquidiocese local.
Durante a iniciativa, marcada pela música, pela dança e por um enorme entusiasmo dos mais novos, o Papa argentino dialogou com jovens recém-crismados, respondeu a algumas perguntas e deixou-lhes um pedido num tempo em que crescem os casos de ‘bullying’ entre os mais-novos, para que prometam a Deus dizer não à violência e aos confrontos uns com os outros.
“Façam-no por favor, pelo sacramento do santo crisma que receberam”, exortou Francisco.
Quanto às perguntas, a primeira questão chegou do pequeno David, vindo da localidade milanesa de Cornaredo, e esteve relacionada precisamente com a juventude de Francisco e sobre “como cresceu a sua amizade com Jesus”.
O Papa destacou “três coisas”, a primeira o contributo “dos avós”, que apesar de “mais velhinhos”, de “serem de outra época”, de “não saberem utilizar o computador ou o telemóvel”, são essenciais para “ajudar a fazer crescer a amizade com Jesus”.
“Os meus avós falavam-me normalmente através das coisas da sua vida. O meu avô era carpinteiro, e quando via o meu avô a trabalhar lembrava-me de Jesus. O meu outro avô dizia-me para nunca ir para a cama sem rezar uma oração a Cristo”, partilhou.
A segunda ajuda o Papa encontrou-a “nas brincadeiras com os amigos, na alegria do jogo, sem insultos”.
“Talvez também fosse assim que Jesus brincasse com os seus amigos”, apontou Francisco, que destacou como terceira coisa importante para o crescimento da sua amizade com Jesus “a paróquia”, onde se congregava a sua comunidade.
Depois, foi a vez de um casal de jovens perguntar ao Papa qual a melhor maneira de ajudar os filhos a “crescerem na fé”.
Aqui o Papa argentino assinalou a importância de modelos que ajudem os mais novos a desenvolverem essa ligação interior a Cristo.
No seu caso, recordou Enrique Pozzol, o padre salesiano que o batizou na Basílica de São Carlos Borromeu e María Auxiliadora de Buenos Aires, sacerdote que depois passaria a ser seu diretor espiritual no Seminário.
“As crianças olham para os pais a todo o momento, mesmo que eles não se apercebam, elas observam, aprendem. Elas sabem as nossas alegrias, as nossas dores e preocupações, e sofrem quando os pais se separam”, frisou Francisco, que deixou uma mensagem aos casais presentes.
“Quando se traz um filho ao mundo, deve-se assumir a responsabilidade de o criar”, apontou, acrescentando que é através da educação que os mais novos apreendem e “guardam no seu coração o legado da fé recebida”.
“Talvez os pais tenham perdido o hábito de brincar com os seus filhos, no meio da confusão que é a vida atual, que tolhe a nossa humanidade”, completou o Papa.
A outra pergunta, a terceira, veio de uma catequista, que questionou Francisco sobre a melhor forma dos educadores cristãos chegarem às crianças, adolescentes e jovens de hoje.
Para o Papa, “não basta apenas educar o intelecto, que é importante mas que sem o coração e as mãos de nada serve”.
“Um bom maestro, educador ou treinador sabe potenciar as boas qualidades dos seus alunos, sem no entanto descurar as outras, procurando sempre um modelo complementar. Ninguém pode ser bom a tudo e isso devemos dizer aos nossos alunos: apostar numa educação multifacetada”, afirmou.
No fim do encontro, e antes de regressar ao Vaticano, o Papa Francisco foi presenteado com um 'obrigado' gigante, feito pelos jovens deitados no relvado.
JCP
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