Cidade do Vaticano (RV) - "É nas Escrituras que o Pai do Senhor nosso Jesus Cristo se revela como Deus da perseverança e da consolação". Na Audiência Geral desta quarta-feira da terceira semana da Quaresma, a 11a de 2017, o Papa Francisco deu continuidade ao seu ciclo de catequeses sobre a esperança cristã, destacando a perseverança e a consolação, tratadas pelo Apóstolo Paulo na Carta aos Romanos.
Dirigindo-se aos cerca de 15 mil fieis presentes na Praça São Pedro, o Papa explicou que "a perseverança ou paciência, é a capacidade de suportar, permanecer fiel, mesmo quando o peso é demasiado grande e somos tentados a abandonar tudo".
A consolação, por sua vez, "é a graça de saber perceber e manifestar a presença e a ação compassiva de Deus, em todas as circunstâncias, mesmo quando marcadas pela decepção e sofrimentos. Deste modo nos tornamos fortes, a fim de poder permanecer próximos aos irmãos mais fracos, ajudando-os em suas fragilidades".
Francisco recorda que a perseverança e a consolação nos são transmitidas em modo particular pelas Escrituras. "A Palavra de Deus, em primeiro lugar, nos leva a dirigir o olhar a Jesus, a conhecê-lo melhor a conformar-nos a Ele, a nos assemelhar a Ele. Em segundo lugar, a Palavra nos revela que o Senhor é realmente "o Deus da perseverança e da consolação", que permanece sempre fiel ao seu amor por nós e que cuida de nós, cobrindo as nossas feridas com o carinho da sua bondade e da sua misericórdia".
A expressão de São Paulo "nós que somos fortes, devemos suportar a fraqueza dos fracos e não procurar o que nos agrada" - explica o Papa - poderia parecer presunçosa, "mas na lógica do Evangelho sabemos que não é assim, é justamente o contrário, pois sabemos que a nossa força não vem de nós, mas do Senhor":
"Quem experimenta na própria vida o amor fiel de Deus e a sua consolação é capaz, ou melhor, tem a obrigação de estar próximo aos fieis mais frágeis, assumindo as suas fragilidades. E pode fazer isto sem autosatisfação, mas sentindo-se simplesmente como um "canal" que transmite os dons do Senhor; e assim se torna concretamente um "semeador" de esperança".
E o fruto deste estilo de vida - alerta o Santo Padre - não é uma comunidade "em que alguns são de "série A", isto é os fortes, e outros de "série B", isto é, os fracos. O fruto, ao contrário, como diz São Paulo, "é ter os mesmos sentimentos uns com os outros. A Palavra de Deus alimenta uma esperança que se traduz concretamente na partilha e no serviço recíproco":
"Porque também quem é "forte" experimenta cedo ou tarde a fragilidade e tem necessidade do conforto dos outros; e vice-versa na fraqueza se pode sempre oferecer um sorriso ou uma mão ao irmão em dificuldade. E é uma comunidade assim que "que a uma só voz dá glória a Deus". Mas tudo isto é possível somente se coloca no centro Jesus e a sua Palavra. Somente Ele é o "irmão forte" que cuida de cada um de nós. De fato, todos temos necessidade de ser carregados pelo Bom Pastor e de sermos envolvidos pelo seu olhar terno e cuidadoso".
Ao final de sua catequese, Francisco lançou um apelo a todas as comunidades para viverem com fé a iniciativa "24 horas com o Senhor", de 23 a 24 de março, voltado ao Sacramento da Reconciliação: "Desejo que também este ano tal momento privilegiado de graça do caminho quaresmal seja vivido em tantas igrejas para experimentar o alegre encontro com a misericórdia do Pai, que todos acolhe e perdoa".
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