2017-03-13 Rádio Vaticana
Nesta “Semana do Papa” grande destaque para os Exercícios Espirituais da Quaresma para o Papa e Curia Romana. Tempo ainda para recordamos o essencial do Angelus do II Domingo da Quaresma.
Exercícios Espirituais da Quaresma
Decorreram de domingo dia 5 até sexta-feira dia 10 de março na Casa do Divino Mestre em Ariccia, nos arredores de Roma, os Exercícios Espirituais da Quaresma para o Papa e Curia Romana. Um tempo para lançar questões mais do que para procurar respostas. O pregador foi o padre Giulio Michelini, sacerdote franciscano, docente do Instituto Teológico de Assis e que propôs o tema: “Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus segundo S. Mateus”.
Aceitar seguir Jesus e carregar a própria cruz
Na manhã do dia 6 de março o padre Giulio Michelini colocou algumas questões aos 74 participantes no retiro pontifício: “Ouço a voz do Senhor, que fala de modo humilde, ou coloco o meu interesse pessoal acima do Reino de Deus?” (…) “Decido impulsivamente, deixo-me levar por aquilo que é habitual?”
Destaque para a seguinte reflexão do pregador franciscano: “Pergunto-me se tenho a coragem de caminhar até ao fim para seguir Jesus Cristo, levando em consideração que isso comporta levar a cruz, como Ele disse, anunciando a ressurreição, a alegria, mas também a provação: ‘Se alguém quiser vir comigo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me’.”
Não dividir oração e caridade
Na tarde de segunda-feira dia 6 de março, sempre seguindo o Evangelho de S. Mateus, o padre Michelini desenvolveu uma meditação colocando a questão da observância religiosa e do empenho na caridade. O pregador lançou aos presentes a inquietação de uma atitude de “profissional do sagrado” que procura salvaguardar a fachada e a instituição em detrimento dos direitos das pessoas. Em particular, registe-se a pergunta: “Consigo manter juntos o amor a Deus e o amor ao próximo?”. O sacerdote franciscano sublinhou o desafio da dedicação à liturgia e à oração mas que pode esquecer os pobres, ou mesmo o contrário, dedicação aos pobres mas esquecer-se de rezar.
Unidade na Ceia do Senhor
Na manhã de terça-feira dia 7 de março a meditação do padre Michelini foi sobre o tema: “O pão e o corpo, o vinho e o sangue”. O pregador sublinhou os valores da partilha e da unidade na Ceia do Senhor na diversidade dos elementos de festa e de comunhão mas também de pecado e de fragilidade. Em particular, o sacerdote franciscano realçou que comer juntos é confessar aos outros uma condição de criatura.
Na “Última Ceia”, segundo o padre Michelini, Jesus deixa o sinal da sua futura presença doando todo o seu ser em corpo e sangue, oferecendo para a remissão dos pecados “tudo aquilo que lhe restava”.
Abrir os olhos diante da angústia de Deus
“A oração no Getsêmani e a prisão de Jesus” foi o tema proposto pelo pregador na tarde de terça-feira dia 7 de março. Destaque para as citações do teólogo Romano Guardini: “o destino amargo da morte tornou-se a nova forma da redenção”; “o sacrifício do seu ser torna-se o sacrifício da morte”. Perguntas ficaram para a reflexão individual: Como nos colocamos diante da angústia do nosso próximo? Mantemos os olhos abertos, rezamos, ou adormecemos? A vontade de Deus é compreendida por nós como uma “extravagância”, algo que “se deve fazer” porque “Alguém decidiu”, ou vejo nela a santa vontade de bem para todos?
O risco de perder a fé
Destaque na quarta-feira dia 8 de março para a meditação da tarde nos Exercícios Espirituais em Ariccia na qual o pregador franciscano padre Giulio Michelini refletiu sobre o tema da perda da fé abordando o suicídio e a missão da Igreja em busca dos pecadores. Desde logo, a figura de Judas que provavelmente tinha perdido a fé – afirmou o pregador assinalando que todos corremos esse risco. A propósito do suicídio de Judas o padre Michelini recordou que esta sua atitude ocorreu após dar-se conta do seu pecado. A este propósito o pregador referiu os suicídios assistidos e os suicídios de jovens apresentando essas situações como uma importante interpelação sobre a missão da Igreja no mundo. O padre Michelini lançou uma questão:
“Como podemos ajudar os cristãos do nosso tempo a não perder a fé, a retomar consciência da própria fé, aquela da qual se fala no Novo Testamento, a fé alegre, totalizadora, a adesão à pessoa de Jesus, o que podemos fazer para que não ocorram esses suicídios?” – perguntou o padre Giulio Michelini.
A morte do Messias
Na quinta-feira dia 9 de março destaque para a meditação na qual o pregador franciscano lançou um olhar sobre Cristo crucificado e o “sentido de abandono que Cristo sofreu na Cruz”. Segundo o padre Michelini Jesus clama pelo Pai e “lamenta-se”, mas não se sente abandonado por Deus. Cristo é incompreendido mas confia no Espírito “para que seja o Espírito a explicar aquilo que não tinha conseguido fazer entender” – afirmou o sacerdote franciscano.
Nesta meditação o pregador dos Exercícios Espirituais propôs uma pista de reflexão a propósito dos nossos “fechamentos”, interrogando-se se os fazemos por não entendermos os outros porque aquilo que dizem não é claro, ou apenas porque não queremos “compreender”.
O túmulo vazio e a ressurreição
Foi na manhã de sexta-feira dia 10 de março que terminaram os Exercícios Espirituais e na sua última meditação o padre Giulio Michelini falou sobre a ressurreição de Jesus afirmando que ela “indica uma novidade real de Cristo em relação ao Jesus histórico” (…) “quando ouvimos dizer que ressuscitou, podemos partir novamente do homem Jesus, de Jesus da Galileia, cuja mensagem é de libertação do homem” – disse o pregador franciscano.
A ressurreição de Jesus não pode ser um “túmulo” vazio mas é uma mensagem de libertação que nos leva a anunciar Cristo Ressuscitado. O padre Michelini recordou ainda que no Evangelho de S. Mateus é relatada uma importante dimensão da Ressurreição que é o perdão e rematou a sua última meditação afirmando que a Palavra de Deus é “capaz de iluminar os nossos limites e transformá-los em oportunidades”.
O Papa depois da última meditação agradeceu ao padre Michelini as reflexões que apresentou nestes Exercícios Espirituais da Quaresma. Francisco destacou o bem que o pregador fez aos participantes, em particular, através da sua naturalidade “sem artifícios”.
A dor do Papa por jovens vítimas de incêndio na Guatemala
No II Domingo da Quaresma, dia 12 de março, no Angelus na Praça de S. Pedro destaque para as palavras do Papa expressando a sua dor pelas vítimas do incêndio de uma casa de acolhimento para menores na Guatemala na localidade de São José Pinula, a 24 Km da capital e que teve lugar no passado dia 8 de março tendo causado a morte de 38 jovens, com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos. Foram estas palavras de Francisco:
“Exprimo a minha proximidade ao povo da Guatemala, que vive em luto pelo grave e triste incêndio que teve início dentro da “Casa Refúgio Virgen de la Assunción”, causando vítimas e feridos entre as jovens que ali habitavam. O Senhor acolha as suas almas, cure os feridos, console suas famílias que sofrem e toda a nação.”
E com o Angelus deste II Domingo da Quaresma terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 6 a 12 de março. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.
(RS)
(from Vatican Radio)
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