Cidade do Vaticano (RV) - Em 22 de julho de 2013 o Papa Francisco chegava ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, naquela que foi a primeira viagem apostólica de seu Pontificado, iniciado em março.
Coincidentemente, justamente a um país latino-americano, continente que dava seu primeiro Pontífice à Igreja. Para Bergolio, seria também a primeira ocasião para o encontro com multidões fora dos encontros da Praça São Pedro.
Logo no início, um equívoco no trajeto da comitiva, parada em meio a um congestionamento, causou apreensão aos milhares de brasileiros - e não só - que acompanhavam pela televisão a chegada do Papa argentino ao Brasil. Mas não o suficiente para tirar o bom humor de Francisco, que manteve os vidros abertos durante todo o trajeto, fazendo questão de responder aos primeiros gestos de carinho dos brasileiros.
Encontro, proximidade, superação de barreiras, o arriscar-se – palavras sempre tão citadas pelo Papa jesuíta – eram gestos já concretos nestas primeiras horas em solo brasileiro.
Nesta sua primeira viagem à América do Sul, Francisco quis tocar com as mãos uma realidade que já lhe era bem conhecida, ainda dos tempos vividos em Buenos Aires como sacerdote e Arcebispo.
Assim, visitou o Santuário nacional de Aparecida, o Hospital São Francisco de Assis com a inauguração do Polo de Atendimento a Dependentes Químicos, a Comunidade de Varginha, encontrou indígenas e a sociedade civil no Teatro Municipal - onde falou da importância do diálogo construtivo -participou da Vigília com os jovens, encontrou a juventude argentina na Catedral do Rio a quem exortou a fazer “lio”, barulho, encontrou 60 bispos do CELAM, encontrou os voluntários da JMJ.
A Jornada realizava-se em meio a uma onda de protestos contra os gastos na copa, e que pedia investimentos em saúde e educação. Não faltou quem protestasse contra o apoio do Estado na organização da JMJ.
Mas a presença do Papa Francisco cativou o coração dos brasileiros, que aliado ao espírito pacífico que movia os jovens do mundo inteiro que estavam no Rio de Janeiro, acabou por criar uma atmosfera de paz e solidariedade, e não de confronto.
Em seus deslocamentos pelas ruas do Rio, o Papa era saudado por multidões. Todos queriam tocar, queriam ver o Papa, queriam estar próximos a ele, queriam registrar em imagens aquele que visitava o país também como discípulo missionário.
Passados quatro anos, permanecem ainda vivas na memória as imagens dos brasileiros lançando flores, bandeiras, roupas, bilhetes, fotografias em direção ao Papamóvel. Permanecem na memória os tantos abraços e sorrisos de Francisco aos brasileiros durante sua visita.
Permanece na memória o flash mob gigantesco na Praia de Copacabana, onde sacerdotes e bispos dançaram junto com os jovens. Os 2 milhões de jovens na Via Sacra, os 3,5 milhões na Vigília.
Jovens de 175 países, mesmo com línguas e culturas diferentes, dando um testemunho de convivência, de solidariedade, de civilidade, de tolerância, de superação.
Nem a mudança de local da Vigília pelo mau tempo, que seria realizada no Campus Fidei, foi capaz de tirar o ânimo dos participantes, do megaencontro que teve por tema “Ide e fazei discípulos em todas as nações”.
“Penso que podemos aprender algo daquilo que sucedeu nestes dias: por causa do mau tempo, tivemos de suspender a realização desta Vigília no “Campus Fidei”, em Guaratiba, disse o Papa. Não quererá porventura o Senhor dizer-nos que o verdadeiro “Campus Fidei”, o verdadeiro Campo da Fé não é um lugar geográfico, mas somos nós mesmos? Sim, é verdade! Cada um de nós, cada um de vocês, eu, todos. E ser discípulo missionário significa saber que somos o Campo da Fé de Deus”.
No último dia de Francisco no Brasil, a Missa de encerramento da JMJ, também chamada "Missa de envio", reuniu 3,7 milhões de peregrinos, tendo sido a segunda edição com mais fiéis na história do evento, atrás apenas da JMJ Manila 1995, que teve cerca de 4 milhões de peregrinos.
Antes de retornar ao Vaticano, em seu último discurso, o Papa falou: “Nesse momento já começo a sentir saudades. Saudades do Brasil, esse povo tão grande, de grande coração, esse povo tão amoroso. Este Papa precisa da oração de todos vocês. Um abraço para todos e que Deus os abençoe”.
O Brasil, Papa Francisco, também ficou com saudades do senhor e dos momentos de paz que sua presença deixou. E também nós, neste momento, precisamos de sua proximidade e de sua oração. (Jackson Erpen)
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