Padre Geovane Saraiva*
Jesus de Nazaré, quando na
Montanha Sagrada manifestou aos seus amigos todo o seu esplendor, quer dizer
que não falte uma coisa a nós: a alegria, mística de quem sabe ter um coração
grande e solidário perante a dor e a angústia dos desfigurados, dos empobrecidos
e dos maltratados pela sociedade. Ele revela a divindade, antecipando com esse
gesto a sua glória, indicando-nos nossa glória futura. Vemos Pedro, Tiago e
João deslumbrados, querendo perpetuar essa alegria pela permanência do Bom
Senhor sempre com eles naquele lugar sagrado. Daí a proposta: "Vamos
construir três tendas, porque aqui é bom demais e a nossa vida será ininterruptamente fascinante e maravilhosa" (cf. Lc 9, 33).
Quanta clareza na mensagem de
Jesus, dizendo-nos que somos chamados ao maravilhoso exercício! Mas qual exercício?
O de uma experiência religiosa e cristã que, de verdade, insira-nos no seio da
comunidade, desinstalando-nos e nos deixando livres, longe do isolamento, tendo
presentes os necessitados e os desfigurados de toda sorte. Que o tema da
Transfiguração do Senhor nos faça compreender, sempre e cada vez mais, o
sentido da Páscoa eterna, na certeza de que, a partir do inefável mistério
mencionado, experimentemos pela fé a certeza da eterna transfiguração.
A voz do céu que ressoa dizendo:
"Eis o meu Filho amado" é para que O ouçamos com fidelidade e O
encontremos em sua palavra, no seu corpo e sangue, sem nunca nos afastar da
realidade dura dos desfigurados. É pela força vivificadora de sua palavra e de
seu corpo e sangue que vamos andar na "sonhada esperança" de sermos
semelhantes a Ele, quando se manifestar em sua glória. Amém!
*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência
Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com
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