quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Retiro espiritual inaciano pode alterar o cérebro (positivamente)

  Roberta Sciamplicotti | Ago 23, 2017
Shutterstock
Pesquisadores dos EUA descobriram que os exercícios espirituais de Santo Inácio influenciam os sistemas de bem-estar cerebral

De acordo com pesquisas do Marcus Institute of Integrative Health, da Universidade Thomas Jefferson, os exercícios espirituais inacianos, ou seja, os retiros católicos realizados de acordo com a proposta de Santo Inácio de Loyola, parecem causar “significativas mudanças” no cérebro.

Jeffrey Pioquinto | Flickr CC
Imagem de Santo Inácio de Loyola
Os cientistas do instituto norte-americano estudaram as respostas cerebrais de pessoas que fizeram um retiro inaciano e divulgaram os resultados na publicação Religion, Brain and Behaviour (“Religião, Cérebro e Comportamento”).

O Catholic Herald divulgou declarações do Dr. Andrew Newberg, diretor de pesquisas da instituição:

“[Os estudos] demonstraram mudanças significativas nos transmissores de dopamina e serotonina após o retiro de sete dias. Como a serotonina e a dopamina fazem parte dos sistemas emocionais e de recompensa do cérebro, isso nos ajuda a entender por que essas práticas levam a experiências emocionais poderosas e positivas“.
A dopamina, chamada de “prazer químico”, está envolvida em uma ampla gama de funções cerebrais, desde o controle da atenção até o movimento. A serotonina, conhecida como “hormônio do bem-estar”, ajuda a controlar emoções e estados de ânimo.

O estudo envolveu 14 participantes cristãos entre 24 e 76 anos. Eles fizeram um retiro inaciano e praticaram os Exercícios Espirituais do santo fundador dos jesuítas. Após a missa da manhã, os participantes passavam a maior parte do dia em silêncio, oração e reflexão, além de conversarem todos os dias com um diretor espiritual.

Eles revelaram mudanças positivas significativas no tocante à saúde e à redução dos níveis de tensão e fadiga. Mencionaram ainda uma sensação de “transcender a si mesmos”, associada pelos pesquisadores ao aumento dos níveis de dopamina.

Um participante relatou:

“O retiro me transformou e ajudou a me conectar mais facilmente ao Espírito, a me reconectar com Deus. Antes do retiro eu tinha emoções limitadas, por assim dizer; especialmente, não era muito empático e não conseguia chorar. Mas durante o retiro experimentei exatamente o oposto”.
Antes e depois do retiro, os participantes foram submetidos a avaliações da sua atividade cerebral. Após 7 dias de exercícios espirituais, eles apresentaram uma redução de 5 a 8% na conexão do transmissor de dopamina e de 6,5% no de serotonina. Para os pesquisadores, essas diminuições podem levar a uma disponibilidade maior de dopamina e serotonina no cérebro, o que teria efeitos psicológicos positivos.

O Dr. Newberg observa:

“O nosso estudo levanta mais perguntas do que respostas. A nossa equipe está curiosa para descobrir quais foram os aspectos do retiro que causaram mudanças nos sistemas de neurotransmissão e se retiros diferentes produziriam efeitos diferentes. Esperamos que estudos futuros consigam responder a essas perguntas”.

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