Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, o presente espaço de formação e aprofundamento tem ressaltado, entre outros, a imprescindível necessidade de conhecer os documentos da Igreja. Nesse sentido, na edição passada destacávamos a importância de conhecer, aprofundar e revisitar tais documentos para continuar nossa caminhada missionária servindo-se do rico patrimônio doutrinal de que dispomos, de modo particular na esteira do Concílio ecumênico Vaticano II.
Na edição de hoje do nosso quadro “Nova Evangelização e Concílio Vaticano II” gostaria de voltar nosso olhar, brevemente e de forma circunscrita, a um importante documento magisterial. Trata-se da Exortação apostólica "Evangelii nuntiandi" do Papa Paulo VI, de 1975, documento que conferiu um notável dinamismo à ação evangelizadora da Igreja nas décadas seguintes, acompanhada por uma autêntica promoção humana.
Fruto do Sínodo dos Bispos sobre a evangelização, o Papa Paulo VI a escreveu após 10 anos do Decreto conciliar "Ad gentes". Paulo VI fala dos "tempos novos da evangelização", prefigurando a "nova evangelização" tão auspiciada por João Paulo II, depois incrementada por Bento XVI e agora pelo Papa Francisco. Vale aqui lembrar que a “Evangelii gaudium” do Papa Bergoglio, Exortação apostólica de novembro de 2013 sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, traz grande inspiração da Evangelli nuntiandi de Paulo VI.
Efetivamente, publicada no dia 8 de dezembro de 1975, na exortação, o Beato Paulo VI recolheu os resultados da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos de 1974, dedicada ao tema A evangelização no mundo moderno.
O texto na introdução parte de três perguntas:
4. "Esta fidelidade a uma mensagem da qual nós somos os servidores, e às pessoas a quem nós a devemos transmitir intacta e viva, constitui o eixo central da evangelização, Ela levanta três problemas candentes, que o Sínodo dos Bispos de 1974 teve constantemente diante dos olhos: O que é que é feito, em nossos dias, daquela energia escondida da Boa Nova, suscetível de impressionar profundamente a consciência dos homens? Até que ponto e como é que essa força evangélica está em condições de transformar verdadeiramente o homem deste nosso século? Quais os métodos que hão de ser seguidos para proclamar o Evangelho de modo a que a sua potência possa ser eficaz? Tais perguntas, no fundo, exprimem o problema fundamental que a Igreja hoje põe a si mesma e que nós poderíamos equacionar assim: Após o Concílio e graças ao Concílio, que foi para ela uma hora de Deus nesta viragem da história, encontrar-se-á a Igreja mais apta para anunciar o Evangelho e para o inserir no coração dos homens, com convicção, liberdade de espírito e eficácia? Sim ou não?"
O texto divide-se em sete capítulos: o primeiro deles traz como título “De Cristo evangelizador a uma Igreja evangelizadora”. Subdividido em tópicos, este fala do "Testemunho e missão de Jesus", e diz o seguinte:
6. O testemunho que o Senhor dá de si mesmo e que São Lucas recolheu no seu Evangelho, "Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus", tem, sem dúvida nenhuma, uma grande importância, porque define, numa frase apenas, toda a missão de Jesus: "Para isso é que fui enviado". Estas palavras assumem o seu significado pleno se se confrontam com os versículos anteriores, nos quais Cristo tinha aplicado a si próprio as palavras do profeta Isaías: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para evangelizar os pobres". Andar de cidade em cidade a proclamar, sobretudo aos mais pobres, e muitas vezes os mais bem dispostos para o acolher, o alegre anúncio da realização das promessas e da aliança feitas por Deus, tal é a missão para a qual Jesus declara ter sido enviado pelo Pai. E todos os aspectos do seu mistério, a começar da própria encarnação, passando pelos milagres, pela doutrina, pela convocação dos discípulos e pela escolha e envio dos doze, pela cruz, até a ressurreição e à permanência da sua presença no meio dos seus, fazem parte da sua atividade evangelizadora.
O anúncio do reino de Deus
8. Como evangelizador, Cristo anuncia em primeiro lugar um reino, o reino de Deus, de tal maneira importante que, em comparação com ele, tudo o mais passa a ser "o resto", que é "dado por acréscimo". Só o reino, por conseguinte, é absoluto, e faz com que se torne relativo tudo o mais que não se identifica com ele. O Senhor comprazer-se-ia em descrever, sob muitíssimas formas diversas, a felicidade de fazer parte deste reino, felicidade paradoxal, feita de coisas que o mundo aborrece; as exigências do reino e a sua carta magna; os arautos do reino; os seus mistérios; os seus filhos; e a vigilância e a fidelidade que se exigem daqueles que esperam o seu advento definitivo.
Amigo ouvinte, por hoje é só. Semana que vem tem mais, se Deus quiser!
(RL)
(from Vatican Radio)
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