terça-feira, 10 de outubro de 2017

10 dicas para uma boa comunicação na era do Papa Francisco

Antoine Mekary | Aleteia | I.Media
VATICAN CITY 04 OCTOBER 2017: Photographs from the General Audience with Pope Francis on October 04, 2017 at Saint Peters Square in Vatican City, Rome, Italy.

Um decálogo de boas práticas para quem representa a Igreja Católica

Quem fala em nome da Igreja tem uma enorme responsabilidade. Josefina Maradiaga pertence ao Catholic Voices, um grupo de católicos preocupados na comunicação que não distorça a mensagem dos Evangelhos. Juntamente com a Universidade Austral, na Argentina, ela  preparou um curso para desenvolver essa habilidade de comunicação. Aqui, apresentamos os 10 ingredientes dessa receita:
1 – Procure o lado positivo da crítica
Em vez de pensar nos argumentos que você vai ter que rebater, pense nos valores que estão por trás desses argumentos. Depois, reflita sobre o valor que aquele que critica sustenta. Busque o princípio ético cristão (à vezes escondido) que embasa esses valores. Isso tem um efeito cativante e permite ter uma discussão muito mais tranquila e ponderada. Você passa a não ser um guerreiro em uma batalha cultural de valores absolutos, mas alguém que tem tolerância e sabedoria diante de uma disputa.
2 – Contribua com luz, não com calor
Como pessoas de fé, queremos lançar luz sobre temas difíceis, que já são acalorados por si só. Se você chega a uma discussão para lançar luz, ao invés de calor, a ênfase será completamente diferente. Você passará a ouvir a opinião do outro com atenção, por mais que você não concorde com elas. Seu objetivo será deixar que entrem raios de luz sobre o tema e, dessa forma, abrir a discussão, respeitando o ponto de vista do outro e mantendo o seu.
3 – Cuidado com o conteúdo
Intelectuais e teólogos, cuidado! A erudição pode se tornar inimiga da boa comunicação, que se serve de palavras simples para explicar ideias complexas.. O objetivo não é que seus argumentos sejam lúcidos, mas que suas palavras sejam compreendidas. Após cada troca de experiência, avalie de acordo com estes critérios: ajudei os outros a entender melhor os ensinamentos ou posturas da Igreja? E como os fiz sentir: animados ou derrotados? Inspirados ou assediados? Com vontade de ouvir mais ou aliviados por ter terminado?
4 – Não conte, mostre
Geralmente, preferimos uma história a uma conferência. Prestamos mais atenção na experiência do que nos conceitos. Isso não quer dizer que não se devam utilizar argumentos. Mas, sempre que for possível, inclua metáforas ou anedotas sobre experiências pessoais ou situações hipotéticas que ajudem os outros a imaginar o que você quer dizer.
5 – Pense em triângulos
As discussões podem ser muito desorganizadas e podem fugir facilmente do tema principal. Certifique-se de sua contribuição seja concisa, clara e que não deixa ninguém de lado. Simplifique suas ideias aos três argumentos que você quer propor. Se você conseguir falar sobre dois dos três, dê-se por satisfeito. Mesmo assim, o essencial é que você ordene suas ideias ao redor de três argumentos principais. Imagine-os como um triângulo. Quando estiver falando, pense em como eles se relacionam com o tema. Depois, defenda-os.
6 – Seja positivo
Este é um princípio básico da comunicação e ainda mais importante quando estamos defendendo o ponto de vista da Igreja. A mensagem de Jesus é inspiradora. Ser positivo é conduzir a discussão até a visão positiva que a Igreja tem para as pessoas: as intermináveis e maravilhosas possibilidades de liberdade. Não seja o anjo do juízo, mas aquele que mostra o caminho luminoso.
7 – Seja compassivo
A compaixão é a qualidade que deveria distinguir os cristãos. Mas, infelizmente, às vezes esta característica fica de fora das discussões entre católicos. Sentimos que nossos valores mais apreciados estão sendo ameaçados. Mas o que critica também tem seus próprios princípios e pode se sentir frustrado ao ver que seus valores também não são valorizados. Entramos, assim, em um círculo vicioso, cuja saída é a compaixão. Ser compassivo é poder entender a dor do outro, relacionando-se com os demais de igual para igual.
8 – Tenha dados preparados, mas evite agir como um robô
É preciso fazer uma boa preparação para uma discussão e ter dados que enriqueçam o debate. Mas lembre-se que as estatísticas às vezes são abstratas e desumanas. Por isso, evite que a discussão se transforme em um pingue-pongue de números, um jogo de onde muitos querem sair. Se você for usar estatísticas, cuidado para não se complicar.
9 – Não personalize a discussão
Para uma boa comunicação, o essencial é separar o ego. Não é que o crítico não te valorize ou não te respeite. Mas ele, às vezes, pode deixar de respeitar a instituição que você representa. Pense em João Batista, um comunicador sem medo. Sua fonte de energia foi saber que ele era a porta pela qual todo mundo tinha que passar para chegar a Jesus. Rezar antes de começar um debate é vital, não só para acalmar os nervos e separar o ego, mas também para você se lembrar em nome de quê e de quem você vai falar. Reze para que o Espírito Santo esteja com você e fale através de você.
10 – Você vai dar um testemunho, não ganhar
Sabemos que, em algumas ocasiões, a fé católica pode provocar perguntas difíceis. Mas convém considerar que essas perguntas difíceis fazem com que a gente pare e pense que é possível questionar as coisas. E isso pode significar o começo de um novo caminho; um caminho que nos leve a ver a vida de outra forma. Ou que nos leve a abandonar o caminho, segundo a advertência de Jesus. O inimigo deste testemunho é o desejo de “vencer” e “derrotar”. Uma atitude de rivalidade e vitória, de ganhadores e perdedores, de “nós contra eles”, de bem contra o mal… Este é o idioma das batalhas e ataques, da guerra e da perseguição. O objetivo não é entrar nesse duelo. Qualquer desafio é uma oportunidade de dar testemunhos, dissipar mal-entendidos, difundir a luz onde há mito e confusão, demonstrar empatia e compaixão, assim como uma visão mais profunda sobre o assunto.

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