sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A cidade do céu

Padre Geovane Saraiva*
Somos convidados, à luz da esperança cristã, a pensar na transitoriedade da vida, a partir do Dia de Finados, como um dia muito especial a envolver a todos, na saudosa lembrança, fixando na mente e no coração nossos irmãos, amigos e familiares já falecidos. A vida é dom e graça de Deus, como sempre costumo repetir. Nós, que “não temos aqui na terra cidade permanente, mas estamos à procura da cidade que há de vir” (cf. Hb 13, 14), valorizando a vida como um dom que de Deus recebemos? Olhamos para a vida, tendo em vista a realidade inevitável da morte? Que a feliz eternidade, sonho de todos os seguidores de Jesus de Nazaré, seja um esforço de constante fidelidade ao projeto de Deus Pai ao longo da nossa existência.

Resultado de imagem para creio na vida eternaComo é indispensável, nesse contexto, pensar na caridade fraterna e no amor para o qual somos destinados: o de amar como Deus amou, amando-o em primeiro lugar e reservando-lhe momentos de oração e intimidade, no louvor, na súplica e no agradecimento, pelo dom maravilhoso da vida! É a palavra de Deus mesmo que nos convida ao amor verdadeiro, com todas as nossas forças, conscientes de que fomos criados para a eternidade e que na acesa chama da esperança nada de desânimo nem decepção. Resta nos convencermos da realidade da morte como nossa amiga, irmã e companheira inseparável, na esperança de contemplar Deus face a face no céu e saborear sua afável e terna misericórdia, na certeza que nossa prece suba aos céus pelos nossos irmãos falecidos.

Como é maravilhoso aprender de Santo Agostinho, na beleza de sua obra “A cidade de Deus”, colocando-nos diante da vida humana como um mistério de amor, segundo o projeto de Deus, quando “dois amores estabeleceram duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena; e o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”! Mesmo sendo enormes a saudade e a dor pela partida dos nossos entes queridos, que nossa humilde e confiante oração seja a de jamais perder de vista a esperança, na certeza da promessa da imortalidade, conforto e consolo garantido. Amém!

*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a  Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com

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