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Pedalar de um bairro a outro nesta cidade é uma aventura.
Um ciclista na ponte do Brooklyn, em Nova York, em 3 novembro de 2017 (AFP)
Ciclovias e bicicletas compartilhadas em pleno auge, aulas gratuitas: são cada vez mais os nova-iorquinos que circulam à sombra dos arranha-céus, sinal dos esforços da maior cidade americana para impulsar uma atividade que até agora tinha deixado para trás.
Durante muito tempo, esta metrópole de 8,5 milhões de habitantes, dotada da rede de transporte público mais densa dos Estados Unidos, tinha se limitado a observar de longe a expansão da bicicleta nas grandes capitais europeias.
Mas desde 2013, com o lançamento da rede de bicicletas de uso livre Citi Bike, a capital financeira americana corre atrás e impulsiona a causa do veículo ecológico.
"A cidade diminui seu atraso, está agora muito mais comprometida com a expansão da bicicleta", explica Rich Conroy, um dos responsáveis da associação Bike New York, dedicada à segurança dos ciclistas.
"As pessoas se dão conta de que não podemos continuar crescendo como cidade construindo mais ruas e adicionando mais carros, não há lugar. É necessário se desenvolver de forma econômica e ambientalmente durável, enfrentar nossos problemas ambientais e de saúde e tornar a cidade atrativa para uma mão de obra mais jovem", afirma.
Uma pesquisa recente do departamento de Transporte da prefeitura mostra o caminho percorrido: no início de 2017, 778.000 nova-iorquinos (12% da população adulta) disseram usar suas bicicletas regularmente, um aumento de 250.000 em relação a cinco anos atrás.
A "Citi Bike" confirma este avanço: seu número de usuários aumenta constantemente, tendo chegado a 245.000 no final de setembro, contra 200.000 um ano antes.
Aproveitando os 450 km de ciclovias construídos nos últimos cinco anos, cerca de 86.000 nova-iorquinos adotaram a bicicleta como primeiro meio de transporte, fazendo da cidade a metrópole americana onde esta se desenvolve mais rápido.
No entanto, à parte do entusiasmo dos novos ciclistas, estimulados por um metrô cada vez mais ineficiente, muitos habitantes destacam os riscos que correm.
5.000 feridos, 18 mortos por ano
Pedalar de um bairro a outro nesta cidade é uma aventura. Pontes, túneis e avenidas trazem consigo a pressão de ônibus, caminhões ou caminhonetes 4X4, assim como centenas de milhares de buracos. Em 2016, 18 ciclistas morreram e cerca de 5.000 ficaram feridos.
"Adoro andar de bicicleta, sempre andei, mas tenho muito medo nas ruas de Nova York", diz Ilene Richman, de 53 anos, moradora do Brooklyn. "Toda mundo que conheço que anda de bicicleta teve um acidente. Dá medo".
Para vencer seus medos, Richman se inscreveu nos cursos gratuitos do Bike New York, cuja demanda experimenta um 'boom' desde 2012, chegando a 17.000 alunos no ano passado.
Apoiada pela prefeitura, a associação ensina medidas de segurança, como utilizar a buzina frequentemente, respeitar os semáforos e gritar "yo!" para comunicar sua presença a motoristas e pedestres.
Mas em um país habituado a privilegiar o automóvel, é principalmente a educação dos motoristas que deve "melhorar significativamente", disse Conroy.
Controversas bicicletas elétricas
Outro ponto fraco: as bicicletas elétricas ainda estão proibidas em Nova York.
A ilegalidade, surpreendente em uma metrópole na vanguarda da tecnologia, se explica pela hostilidade de parte de seus habitantes, que temem ser atropelados pelos onipresentes entregadores de comida a domicílio.
A prefeitura freou a adoção de uma regulamentação clara sobre as bicicletas elétricas, explica Morgan Lommele, da associação "People For Bikes".
A polícia nova-iorquina emite multas de até 500 dólares e em alguns casos confisca os veículos de quem dirige as "e-bikes".
A polêmica cresce e Lommele espera que a prefeitura seja coerente com sua promoção do uso da bicicleta e mude de política.
"Multar todos os usuários de bicicletas elétricas não fará com que elas desapareçam, principalmente em um setor como o das 'e-bikes', que cresce 80% por ano", ressalta.
AFP
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