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O cálculo está em estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Acordo de Paris estabelece que o Brasil terá de reduzir em 43% as
emissões de gases de efeito estufa até 2030 (Reprodução).
Estudo da CNI destaca que compromisso do país para reduzir emissões de gases de efeito estufa se baseou em projeções econômicas defasadas e em metas desfavoráveis à produção hidrelétrica, que acarretarão em alta do custo da energia
O custo para o país se adequar ao compromisso assumido durante a 21ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP-21), em 2015, em Paris, será de R$ 316 bilhões até 2030 só em iniciativas do setor elétrico. O valor, que deve ser investido em geração e distribuição de energia, é R$ 15 bilhões superior ao previsto pelo Plano Nacional de Energia (PNE). O cálculo está no estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI): Implicações da COP 21 para o Setor Elétrico.
O acordo de Paris estabelece que o Brasil terá de reduzir em 43% as emissões de gases de efeito estufa até 2030. Para isso, entre outras medidas, o país terá de aumentar em 23% a geração de energia renovável. No entanto, o compromisso firmado não considera as hidrelétricas como uma fonte renovável. Com isso, os investimentos do Brasil em fontes como eólica, solar e biomassa deverão ser R$ 15 bilhões maiores do que os R$ 301 bilhões previstos pelo PNE até 2030. Esse valor equivale por exemplo ao arrecadado nos sete últimos leilões de energia hidrelétrica nova (2.800MW).
Segundo o estudo, a diferença entre o Plano Nacional de Energia e as reais necessidades do país para cumprir o Acordo do Clima no setor elétrico é resultado das mudanças que terão de ser feitas nos investimentos. Isso porque o PNE projeta aumento da oferta de energia vinda de fontes convencionais como a térmica e a hidrelétrica, enquanto que o Acordo da COP 21 desconsidera a hidrelétrica como energia renovável e requer mais investimentos em fontes alternativas, como eólica e solar. “A distinção entre renováveis hídricas e não hídricas do acordo contraria um posicionamento histórico do Brasil em defesa da hidroeletricidade e contra a tentativa de caracterizá-la como fonte não renovável”, destaca o estudo da CNI.
A indústria considera que a energia hidrelétrica é renovável porque é produzida com base nos movimentos da água, utilizando o potencial hidráulico de um rio, que é restabelecido naturalmente. Além disso, a energia hidrelétrica é a que possui a maior fator de conversão energética, acima de 60%.
Crescimento econômico
O Acordo de Paris desconsiderou nas metas a crise econômica enfrentada pelo Brasil. As metas de redução das emissões consideravam que a economia brasileira cresceria, em média, 4,4% ao ano até 2030, o que não se confirmou ao longo de todo o período. Conforme o estudo da CNI, mesmo em um cenário para lá de otimista em relação ao crescimento econômico, a meta assumida pelo Brasil ficará defasada até 2030. “Como ilustração, se for admitido crescimento de 1% para 2017 e que 2018 e 2019 terão crescimentos respectivos de 2,5% e 5%, seria necessário crescer 6% ao ano entre 2020 e 2030 para que a premissa de crescimento econômico da COP 21 fosse válida”, detalha o estudo.
Além de estabelecer o aumento da produção de energia renovável em 23%, o compromisso do Brasil prevê a ampliação em 10% da eficiência no setor elétrico. Na avaliação do especialista em energia elétrica da CNI Roberto Wagner Pereira, os compromissos assumidos pelo Brasil para o setor elétrico precisam ser discutidos dentro de um ambiente mais técnico. Ele alerta para a estimativa de alta em torno de 10% do custo da energia no cenário de incremento apenas de fontes renováveis não hídricas. Para o especialista, o Brasil deve investir na geração hidrelétrica, que dá mais segurança ao abastecimento, e em eficiência energética.
O trabalho da CNI destaca ainda que outros desafios devem ser levados em conta no setor elétrico, em particular a incerteza sobre a disponibilidade de energia. Para a CNI, a realidade pós-2030 depende muito dos compromissos assumidas pelo Brasil no Acordo do Clima. Caso o Brasil reduza os investimentos em hidrelétricas, será necessário ampliar a disponibilidade de gás natural, carvão e óleo para controlar as variações características das fontes renováveis, alerta o estudo.
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