terça-feira, 28 de novembro de 2017

Por que o Papa levou Nossa Senhora do Silêncio para o Vaticano?

  Ary Waldir Ramos Díaz / Redação da Aleteia | Nov 28, 2017
Facebook Fra Emiliano Antenucci

O profundo e fascinante significado de uma devoção que quer resgatar a nossa interioridade num mundo “doente de barulho”

O Papa Francisco saudou alguns peregrinos no final da audiência geral de 22 de novembro de 2017, na Praça de São Pedro, com um gesto inusitado: pôs o dedo indicador diante dos lábios, como quem pede silêncio. Na realidade, o gesto envolve um significado muito mais profundo.

Entre aqueles peregrinos estava o frade italiano Emiliano Antenucci, de 38 anos, que é também escritor. É o frei Emiliano quem compartilha conosco alguns pormenores sobre uma especial devoção do Papa Francisco – e dele própria: a devoção a Nossa Senhora do Silêncio.


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A bênção da imagem de Nossa Senhora do Silêncio pelo Papa
Na manhã de 18 de maio de 2015, o Santo Padre abençoou um quadro com essa imagem que tinha sido colocado a seu pedido no palácio apostólico do Vaticano a fim de fomentar o recolhimento e a contemplação e, por conseguinte, desestimular as conversas inúteis e dispersas. Ao abençoar o quadro, Francisco fez um pedido:

“Que a Virgem Maria interceda diante do Senhor para que todos os que entrarem no palácio apostólico possam ter sempre as palavras justas”.
A imagem fica entre os dois elevadores da entrada principal do palácio apostólico, no pátio de São Dâmaso.

Ao saber da notícia, o frei Emiliano conta que fez esta reflexão:

“Quantos crucifixos, pinturas, ícones o Papa recebe todo dia! E talvez eles sejam guardados em algum depósito do Vaticano, ou doados, ou vendidos para ajudar os pobres (…) Mas com o ícone de Nossa Senhora do Silêncio não foi assim: antes, ele foi colocado em um lugar onde todos possa vê-lo!”
O religioso afirma que tem a imagem original e é testemunha de “todos os milagres que [Nossa Senhora do Silêncio] já fez, não só na Itália, mas também no México, no Equador, na Polônia e em outras partes do mundo”.

Há sete anos, uma vez por mês, o frade ministra na Itália um curso sobre o silêncio. Ele ainda “exportou” retiros espirituais sobre o mesmo tema para o México e já lançou, por enquanto em italiano e em espanhol, o livro “Caminho do Silêncio”.

Bate-papo com o frei Emiliano
Frei Emiliano, qual é a mensagem da devoção a N. Sra. do Silêncio para os nossos dias?

O mundo está doente de barulho. O silêncio é uma “profecia” e uma forma de escutar a Deus e escutar os outros. A devoção a N. Sra. do Silêncio nos pede, com uma das mãos, para “ficarmos quietos”, e, com a outra, nos propõe que esse silêncio seja de adoração e cheio de fascínio. Maria é a catedral do Silêncio, onde ressoa a Palavra Eterna.

Existe uma ditadura do barulho?

Sim. E a “ditadura do barulho” gera confusão, descaminho, tristeza. O barulho nos deixa surdos diante das coisas que realmente importam na vida. O mundo nos propõe a aparência e o barulho que nos distrai de Deus e do amor ao nosso próximo.

O que o silêncio oferece à mulher e ao homem dos nossos dias?

O silêncio nos faz enxergar verdades sobre nós mesmos e os outros. Ele nos traz a novidade de uma visão renovada da realidade e dos outros; nos faz julgar menos e amar mais. O silêncio nos abre à misericórdia de Deus, ao perdão dos outros e à expectativa de ser melhores.

Há silêncios que nos tornam cúmplices do mal?

Sim. A cultura do silêncio diante da criminalidade organizada e o silêncio diante da injustiça que destrói a caridade fraterna.

O que o Papa Francisco lhe disse no seu encontro após a audiência geral de quarta-feira (22/11/2017) sobre o silêncio e a missão pastoral que você empreendeu?

Ele me disse que um exemplar [do quadro] de Nossa Senhora do Silêncio, que eu tenho no original, ele colocou no palácio apostólico para evitar os falatórios que acontecem. E me incentivou a seguir pelo caminho do silêncio. Estava muito feliz, olhando a capa do livro (“O Caminho do Silêncio”), e no final da audiência, nos saudou com um belo gesto do silêncio.

Qual é o método do curso de silêncio?

É um método de “Cristoterapia” dirigido aos jovens, com três passos para sanar as enfermidades da alma. [Os três passos são] o silêncio, a Palavra de Deus e a Eucaristia.

Qual é o propósito do curso?

A experiência não é um simples fim de semana de oração. Ela procura educar o jovem num método que o ajude a manter uma união constante e diária com Deus, que se prologue na sua vida toda.
Mais silêncio, por favor!

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Santo Agostinho dizia que “A palavra deve nascer do silêncio e o silêncio da palavra (…) Para ver a Deus, é necessário o silêncio”.

No ano passado, o cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, denunciou que “o barulho se tornou uma droga da qual os nossos contemporâneos são dependentes“. E fez uma afirmação forte: “Deus é silêncio. O demônio é barulho”. CONFIRA AQUI.

E, recentemente, o Papa Francisco deu uma gentil “bronca” nos barulhentos que papeiam em plena missa como se estivessem “num salão de chá” e naqueles que usam o telefone celular para tirar fotos e selfies como se a missa fosse um show. “Não vamos a um espetáculo: vamos nos encontrar com nosso Senhor e o silêncio nos prepara”. LEIA AQUI.

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