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Mais de 15.000 cientistas de 184 países lançaram esta semana um alerta sobre os riscos de desestabilização do planeta.
O sol se põe em Paris, no dia 31 de outubro de 2016 (AFP)
Altas de temperatura e concentração de CO2, elevação do nível dos oceanos, degelos polares: os indicadores das mudanças climáticas são mais alarmantes do que nunca e ressaltam a urgência de agir no momento em que se encerra, nesta sexta-feira, em Bonn, a 23ª Conferência sobre o Clima da ONU;
Mais de 15.000 cientistas de 184 países lançaram esta semana um alerta sobre os riscos de desestabilização do planeta.
Recordes de calor
Este ano deve estar entre os três mais quentes desde que se começou a registrar as temperaturas, em 1880, e ser o mais quente na ausência do fenômeno El Niño, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
O ano passado deve se manter como o mais quente sob efeito do El Niño, fenômeno que afeta a cada três ou sete anos as temperaturas, correntes marítimas e chuvas.
Nos nove primeiros meses de 2016, a temperatura ficou 0,98°C acima da média do século XX (13,88°C), ultrapassando em 0,12°C o recorde anterior, do mesmo período de 2015.
Sobre o conjunto do ano 2015, o aumento médio da temperatura planetária chegou a 1ºC em relação aos níveis pré-industriais, referente utilizado nas negociações internacionais sobre o clima.
No Ártico, a temperatura na superfície terrestre atingiu em 2015 os níveis recordistas de 2007 e 2011, com um aumento de 2,8°C em relação ao início do século XX, quando se realizaram os primeiros levantamentos.
36,8 bilhões de toneladas de CO2
As emissões de CO2, o principal gás do efeito estufa, ligadas à indústria e à queima de energias fósseis devem aumentar 2% em 2017 em relação a 2016 (entre 0,8% e 2,9%), e atingir um recorde de 36,8 bilhões de toneladas, segundo balanço do Global Carbon Project.
As concentrações dos três principais gases do efeito estufa - dióxido de carbono, metano e óxido de nitrogênio - atingiram novos recordes em 2016.
Pela primeira vez, a concentração de CO2, ultrapassou durante o ano de 2015 400 ppm (partes por milhão) em escala global. E em 2016 chegou a 403,3 ppm.
Para ter mais chances de limitar o aumento da temperatura a 2ºC, e dessa forma tentar evitar as consequências mais graves do aquecimento, a concentração média de gases do efeito estufa não deve ultrapassar 450 ppm CO2eq (equivalente em CO2 de partes por milhão) em 2100.
+3,3 mm por ano
O nível dos oceanos continua a subir cerca de 3,3 mm por ano, e este fenômeno parece se acelerar: o nível do mar aumentou de 25 a 30% mais rápido entre 2004 e 2015 em relação a 1993-2004.
Há o risco de que este fenômeno se acelere nas próximas décadas, à medida que as geleiras vão derretendo, ameaçando a vida de milhões de habitantes nas costas.
A Groenlândia perdeu trilhões de toneladas de gelo entre 2003 e 2013.
Se as emissões de gases do efeito estufa continuam aumentando no ritmo atual, o retrocesso dos gelos antárticos poderia fazer o nível dos oceanos subir um metro até 2100, dobrando as estimativas anteriores.
Extremos climáticos
Segundo alguns climatologistas, a quantidade de fenômenos climáticos extremos vinculados ao aquecimento (secas, incêndios florestais, inundações, furacões) dobrou desde 1990.
A desregulação climática aumentará ainda mais a força dos tufões na China, Taiwan, Japão e as duas Coreias, segundo um estudo recente, que afirma que nos últimos 37 anos os tufões que atingiram o leste e o sudeste asiáticos ganharam entre 12% e 15% em intensidade.
Ao mesmo tempo, a frequência de temperaturas extremas triplicou no Sahel em decorrência do aquecimento global.
Mesmo que o aumento da temperatura mundial seja limitado a 2ºC, as ondas de calor vão ser mais frequentes, principalmente nas zonas tropicais.
1.688 espécies afetadas
Entre as 8.688 espécies em risco ou quase ameaçadas, 19% (1.688) são diretamente afetadas pelo aquecimento global, devido às temperaturas e aos fenômenos climáticos extremos.
A Grande Barreira de Coral sofreu nos últimos meses o pior episódio de branqueamento já registrado, devido às mudanças climáticas.
Um aquecimento acima de 1,5ºC, a ambiciosa meta mencionada no acordo de Paris junto à de 2ºC, seria capaz de alterar os ecossistemas da região mediterrânea de uma maneira sem precedentes nos últimos 10.000 anos.
Pontos de inflexão
O planeta está se aproximando de certos "pontos de inflexão", mudanças irremediáveis que podem ocorrer abruptamente, uma vez que determinadas temperaturas forem atingidas, diz uma síntese das redes científicas Future Earth e Earth League.
Se a temperatura subir entre 1°C e 3°C, o gelo do Ártico, as calotas polares da Groenlândia e a cobertura de gelo no oeste da Antártica podem desaparecer.
Entre 3 e 5°C, a Amazônia poderia se transformar em savana e as profundas correntes oceânicas que afetam o clima das costas do Atlântico Norte mudariam.
AFP
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