quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Catalunha, uma região estratégica para a Espanha

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Este território, que possui língua e cultura próprias, representa 6,3% da área total da Espanha, 16% da população e um quinto de seu PIB.
Infográfico dos principais indicadores socioeconômicos da região da Catalunha (AFP)
Infográfico dos principais indicadores socioeconômicos da região da Catalunha
Infográfico dos principais indicadores socioeconômicos da região da Catalunha (AFP)

Região espanhola do tamanho da Bélgica, a Catalunha é uma das mais estratégicas para a quarta maior economia da zona do euro.

Turística, moderna, endividada

Este território, que possui língua e cultura próprias, delimitado pelo Mediterrâneo e pelos Pirineus, representa 6,3% da área total da Espanha, 16% da população e um quinto de seu PIB.

Terra dos pintores Salvador Dalí e Joan Miró, do arquiteto Antoni Gaudi, onde se dança a sardana e se constroem pirâmides humanas (Castells), a Catalunha atrai 22,5% do turismo espanhol.

No esporte, Barcelona é a única cidade espanhola a sediar os Jogos Olímpicos, em 1992. O FC Barcelona de Lionel Messi, berço dos jogadores da "Roja", é o segundo clube com mais títulos do país, com 24 Ligas e cinco Ligas dos Campeões.

A Catalunha é o lar de indústrias de ponta e centros de pesquisa importantes, particularmente no campo da energia nuclear e da biomedicina.

Também é responsável por um quarto das exportações da Espanha e tem uma taxa de desemprego de 13,2%, quatro pontos abaixo do que o restante do país.

É também uma das mais endividadas, com uma dívida pública que representa 35,2% de seu PIB (75,4 bilhões de euros no final de março) e deve retirar regularmente dinheiro de um fundo especial do Estado espanhol.

Nesse aspecto, a região denuncia a distribuição desigual dos fundos públicos na Espanha, o que seria responsável por sua asfixia financeira.

Amplas competências

Berço do anarquismo na Espanha, a Catalunha manteve diversas vezes ao longo da história relações complexas com o poder central.

O ditador Francisco Franco retirou suas competências e infligiu uma dura repressão após a queda de Barcelona, fortaleza republicana, proibindo o uso oficial da língua catalã.

Hoje, a região dispõe de poderes muito amplos, desfrutando o status de "comunidade autônoma histórica", assim como o País Basco (norte), a Galícia (noroeste) e a Andaluzia (sul).

Em virtude de um sistema que faz da Espanha um país muito descentralizado, a Catalunha tem de respeitar a Constituição, mas administra diretamente a Saúde e a Educação, ao ponto de ser, às vezes, acusada pelos conservadores de minimizar o uso do castelhano e de manipular os programas de história.

Tem sua Polícia, os "Mossos d'Esquadra", que também devem seguir as instruções do poder central.

Nacionalista

Foi, por muito tempo, administrada pela Convergencia i Unio (CiU, Convergência e União, nacionalista e conservadora) de Jordi Pujol, presidente regional entre 1980 e 2003.

Pujol fazia chover e trazia sol na Catalunha e em Madri, onde manejava o apoio da direita e da esquerda. Ser indiciado em 2010 por casos de fraude e de corrupção fiscal prejudicou sua imagem.

A partir de 2003, a Catalunha passou a ser liderada por uma coalizão da esquerda que obteve o reforço de suas competências. Esse "status" foi parcialmente revogado pelo Tribunal Constitucional em 2010, porém, o que nutriu o sentimento de independência e levou os nacionalistas de volta ao poder com Artur Mas, presidente regional entre 2010 e o final de 2015.

A crise econômica também alimentou o separatismo.

Conservador como Pujol, Artur Mas, um nacionalista, gradualmente abraçou a causa separatista e organizou, em 9 de novembro de 2014, uma primeira "consulta" sobre a independência, proibida pela Justiça.

Os separatistas de esquerda e de direita formaram a coalizão "Junts pel Si" e venceram as eleições regionais de setembro de 2015, reivindicadas como uma espécie de plebiscito sobre a independência. Registrou-se uma participação recorde de 77,4%.

Os partidos favoráveis à independência receberam 47,6% dos votos, o que lhes assegurou uma maioria de 72 das 135 cadeiras do Parlamento.

Em 10 de janeiro de 2016, Carles Puigdemont sucedeu a Artur Mas, com o objetivo de liderar a região para a independência até 2017, chegou, após um referendo não legalizado, a autoproclamar a independência, mas Madri interviu no governo da região e o destituiu, convocando eleições.


AFP

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