terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Papai, cada vez mais pareço-me com você!

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Hoje, por exemplo, pensei: papai, o que pensaria deste mundo de hoje se estivesse vivo?
Lá está ele com a família, de terno e gravata, cujo codinome era este:
Lá está ele com a família, de terno e gravata, cujo codinome era este: "Juca da Farmácia". (Lev Chaim)
Por Lev Chaim*

Nada mais emocionante para mim do que ver o sol nascer. Aquela luz amarela fraca, que vai crescendo e inundando o meu mundo, a minha cabeça com emoções sinceras e inéditas. Hoje, por exemplo, pensei: papai, o que pensaria deste mundo de hoje se estivesse vivo? Nunca pude imaginá-lo aqui, neste momento, aos quase 105 anos.  Seria difícil para ele, com o seu caráter nobre, sua parcimônia e sua sinceridade, aguentar tanta sujeira de uma vez só.

Se você mirar por exemplo o clima de nosso planeta: está mudando, está se aquecendo a uma velocidade comprovada pelos que visitam regularmente o Polo Norte, mas mesmo assim, desacreditado por alguns, inclusive o presidente Trump, que retirou o seu país do Acordo do Clima de Paris. Em que mundo ele vive? Dos joguinhos de computador ou celulares? Prepotente para dizer o que ele diz, apenas para apoiar o seu programa de desgoverno?

Há bem pouco, Trump passou um twitter apoiando o povo iraniano em sua revolta contra a política dos Aiatolás  e contra a corrupção no país. Eles, que não tem quase liberdade ou espaço para fazer isto, foram às ruas em massa. Eu até apoiei este Twitter de Trump, dizendo para mim mesmo que agora ele havia feito algo de bom. Mas não demorou muito para vir o troco a Trump e com toda a força, feito por um twitter do embaixador do Irã em Londres.

Nesta sua mensagem, o embaixador escreveu: “Um em cada oito norte-americanos, ou seja, 42 milhões de americanos, entre eles 13 milhões de crianças e 5 milhões de idosos, passam fome”. Fiquei atônito e fui pesquisar para ver se era ou não verdade tudo isto. E no site oficial do Ministério de Agricultura do Governo Norte-americano, encontrei o que queria. É pura verdade. Um amigo me perguntou com ironia: “E pensa você que tudo isto veio do governo Trump?” Antes que ele pudesse ter feito aquela pergunta, eu já sabia a resposta: “No último ano, ou seja, Governo Trump, esses números subiram cerca de 45%”. Quase a metade da soma total. O que diria meu pai se tivesse lendo tudo isto?

Mas vamos chegar mais perto. O que diria o pai sobre o que está ocorrendo no Brasil de hoje, como consequência dos governo petistas de Lula, Dilma e Temer. Deve ter algum sabidinho, que deve estar dizendo que o Temer não é petista. Pois é, você tem razão, mas para mim, ele é sim PT. Herança maldita do partido que virou a maior quadrilha da história mundial. Como falou o jornalista brasileiro Helder Caldeira, ao explicar as investigações da Lava-jato sobre a política brasileira.

Segundo ele, a coluna vertebral para financiar os partidos políticos no Brasil é formada por um tripé da economia brasileira: as empreiteiras, os frigoríferos e os bancos privados. E toda essa dinheirama que propiciou a corrupção em massa no país passou pelo sistema financeiro brasileiro, de uma forma ou de outra. E, pelo jeito, ninguém viu, ninguém deu o alerta. E são estes três setores da economia nacional que estarão na mira das investigações da Lava-jato, nas eleições de 2018. O que diria o meu pai de tudo isto? Lá no fundo do meu coração, sinto falta dele. Por outro lado, sinto um alívio tremendo que ele não esteja testemunhando todas estas coisas.

Por tudo isto que hoje, ao mirar o nascer do sol, com uma emoção profunda, disse ao vento, na esperança que ele escutasse: cada vez mais, pareço-me com você papai. Lembro-me, uma vez, em uma noite, em que você andava de um lado para outro na sala. Eu, menino, perguntei: o que aconteceu papai? Você me olhou cansado e disse: o meu pai morreu, seu avô. Fiquei em choque só de pensar que pudesse ter sido o meu papai que tivesse morrido, pois o meu avô, pai dele, não havia conhecido. Cada vez mais papai, pareço-me com você!

Confira o vídeo!


*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou mais de 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras para o Domtotal.

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