Revista Fórum
Um grupo de extremistas de direita do Rio Grande do Sul protagonizou ações covardes de violência, durante a passagem da caravana do ex-presidente Lula pelas cidades do estado. Ao longo do trajeto, o tom de agressividade foi subindo, ao ponto de serem registradas diversas agressões a mulheres, que participaram de atos em favor da democracia e do ex-presidente.
“Trata-se de um grupo de ruralistas, que vinha se articulando há tempos para organizar protestos contra a caravana e criar um ambiente tenso durante a passagem do ex-presidente e da militância pelo estado. Cidades nas quais o PT não tem tanta força de organização são locais predominantemente agrícolas e os ruralistas protestaram, com tratores, caminhonetes, atirando pedras e ovos”, explica Laura Sito, secretária de mobilização da Executiva Estadual do PT do Rio Grande do Sul. Ela acompanhou metade da caravana, percorrendo Bagé, Livramento e Santa Maria.
O ponto máximo de brutalidade ocorreu em Cruz Alta, nesta quinta-feira (22), conforme relata Laura. “Esta cidade tem o PT na prefeitura e uma atuação relevante do MST. Contudo, na saída do ato em defesa de Lula, algumas militantes foram agredidas”, conta. Cristiano Lopes, militante do PT, que auxiliou as mulheres e, inclusive, levou Deise Miron, militante espancada, ao hospital, revela mais detalhes. “A Deise ficou muito machucada. A agravante é que ela é paciente de câncer e se submete com frequência à radioterapia. Antes do ato, os ruralistas haviam tomado a rua que havíamos reservado para a militância. Convencemos a brigada que ali era nosso lugar e eles tiveram de recuar. No entanto, se posicionaram na saída, ficaram esperando e agrediram as mulheres. Deise deixou o hospital na madrugada desta sexta-feira (23), fez boletim de ocorrência e faria exame de corpo de delito ainda na tarde desta sexta”, destaca Cristiano.
Enquanto aguardava para fazer o exame, Deise conversou com a Fórum: “Eu estava com meu filho de 10 anos e com minha secretária. Ao final do ato, fui em direção ao meu carro, que estava estacionado no final de uma rua. Quando estava no meio da quadra, começaram a me atirar pedras e ovos e a gritar ‘peguem a loira’. Ao chegar mais perto, veio um rapaz, me deu um soco no olho e saiu correndo. O instinto me fez correr atrás, mas ele se misturou à multidão. Foi quando me agarraram pelos cabelos, me jogaram ao chão e começaram a me chutar. Estou com o corpo todo machucado. Tive de ser hospitalizada e só não estou ainda internada, porque preciso voltar à radioterapia”, relata.
Deise é de Cruz Alta, é filiada ao PT há mais de 20 anos e diz que sempre sofreu perseguição, especialmente durante campanhas para prefeito na cidade. “Convivo com essas manifestações de ódio há muitos anos”, revela.
Ieda Alves e Daniele Mendes também foram agredidas. Arrancaram a bandeira do PT que Daniele carregava e a queimaram. Já Ieda foi derrubada no chão e só não foi espancada porque a brigada agiu. Outra mulher agredida foi Suzana Machado Ritter. Ela estava sozinha, foi cercada e arrancaram sua bandeira. “Eles roubaram minha bandeira e me derrubaram”. Suzana conta que maior do que a dor das escoriações é ver destruída a bandeira que tinha desde 1989 e que era autografada pelo ex-presidente Lula. Alguns agressores foram presos.
O Partido dos Trabalhadores e a Bancada do PT no Rio Grande do Sul manifestam seu “repúdio à violência que vem sendo praticada por esta minoria que tem agido na chegada da caravana nas cidades. Uma minoria que não representa a maioria da população que quer Lula presidente e que rejeita o ódio e a violência”.
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