domingo, 22 de abril de 2018

Dia da Terra: Organizações católicas retiram milhões de euros de empresas ligadas a combustíveis fósseis


Política de «desinvestimento» nas energias poluentes segue indicações do Papa Francisco


Lisboa, 22 abr 2018 (Ecclesia) – O Movimento Católico Global pelo Clima anunciou hoje, Dia da Terra, que dezenas de instituições católicas, da Cáritas Internacional a bancos, se uniram à campanha que visa retirar milhões de euros de empresas ligadas a combustíveis fósseis e energias poluentes.


A iniciativa do ‘Global Catholic Climate Movement’ quer responder aos apelos do Papa Francisco na sua encíclica «Laudato si’», “no sentido de uma conversão ecológica de cuidado com a casa comum, de solidariedade com as pessoas e povos mais pobres (os que mais sofrem com as alterações climáticas) e de solidariedade com as gerações futuras”.

O compromisso abrange, neste momento, 95 ordens religiosas, instituições laicais (como a Comissão Nacional Justiça e Paz, em Portugal), organizações de solidariedade e financeiras, além de várias dioceses e movimentos.

Na lista incluem-se os bancos Pax Bank, Bank Im Bistum Essen eG e o Steyler Ethik Bank.

Entre as 35 instituições que anunciaram hoje a sua adesão ao projeto está a confederação internacional da Cáritas.

O presidente da ‘Caritas Internationalis’, cardeal Luis Antonio Tagle, sublinha que “os pobres estão a sofrer imensamente com a crise do clima e os combustíveis fósseis estão entre as principais causas desta injustiça”.

Em Portugal, a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) anunciou no último dia 19 que se associava a esta campanha de “desinvestimento” em empresas ligadas à exploração de combustíveis fósseis.

“Essa iniciativa de organismos católicos de vários países traduz-se na assunção do compromisso de recusa de colaboração em investimentos dessas empresas”, explica uma nota da CNJP, enviada à Agência ECCLESIA, por ocasião da celebração do Dia Mundial da Terra.

O compromisso da CNJP pretende ser “um gesto de coerência moral” com esse propósito de conversão ecológica e um “sinal de testemunho profético” que alerta para a necessidade de “acelerar a transição para o uso de energias renováveis”, concluiu a nota.

No dia 4 de outubro de 2017, um grupo inicial de 40 organizações católicas uniu-se contra a dependência de combustíveis fósseis, lançando uma mobilização mundial, promovendo a utilização de painéis solares e investimentos que respeitem o meio ambiente.

A mobilização mundial das organizações católicas visa promover a utilização de painéis solares e investimentos que respeitem o meio ambiente.

O tema tem sido uma das preocupações do atual pontificado, marcado por apelos em favor de um novo equilíbrio ecológico global, sobretudo com a Encíclica «Laudato si’».

Este texto, publicado a 18 de junho de 2015, propõe uma mudança de fundo na relação da humanidade com o meio ambiente, alertando para as consequências já visíveis do aquecimento global e das alterações climáticas.

“As mudanças climáticas são um problema global com graves implicações ambientais, sociais, económicas, distributivas e políticas, constituindo atualmente um dos principais desafios para a humanidade”, escreve Francisco, que assinou o primeiro documento do género inteiramente dedicado a questões ecológicas.

O documento contesta um modelo de desenvolvimento baseado no “uso intensivo de combustíveis fósseis”, que está no centro do sistema energético mundial.

OC

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