Redação da Aleteia | Maio 09, 2018
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Dezenas de encontros estão programados na Itália para rezar o terço por ele, pela sua família e pela cultura da vida
De Roma a Milão, de Nápoles a Turim, de Gênova a Bari, de Trieste a San Giovanni Rotondo, dezenas de encontros de oração estão agendados para hoje, 9 de maio, em todo o território italiano. A Itália foi um dos países que mais se mobilizaram para salvar a vida de um bebê estrangeiro, condenado à morte pelos próprios médicos e magistrados do seu país, o Reino Unido, que, para matá-lo, alegavam o “melhor interesse do bebê“.
A batalha de Alfie
Alfie Evans nasceu em 9 de maio de 2016 e hoje estaria completando 2 anos de vida.
De acordo com os amigos de seus jovens pais, Kate, então com 18 anos, e Tom, então com 21, foi um bebê extremamente desejado ao longo de toda a gestação, embora a gravidez não tivesse sido planejada. Alfie nasceu sem qualquer indicativo de enfermidade, mas, em dezembro daquele mesmo ano, precisou ser internado no hospital Alder Hey, de Liverpool – e de lá nunca mais saiu com vida.
Alfie passou 16 meses hospitalizado, com uma doença neurodegenerativa sem diagnóstico. Quando os médicos solicitaram judicialmente que a guarda do bebê fosse retirada de seus pais a fim de que o Estado britânico autorizasse o desligamento dos aparelhos que o ajudavam a respirar, Tom e Kate passaram a enfrentar uma devastadora batalha judicial pelo direito de transferir o próprio filho ao hospital vaticano Bambino Gesù, para, no mínimo, tentar um diagnóstico mais preciso.
A família contou com o apoio explícito do Papa Francisco, que, além de receber Tom pessoalmente no Vaticano, deu ordem aos seus colaboradores para fazerem “o possível e o impossível” a fim de transferir o bebê ao hospital Bambino Gesù. Um sacerdote católico italiano, o pe. Gabriele Brusco, acompanhou a família pessoalmente no hospital, enfrentando objeções e dificuldades de todo tipo. O governo da Itália concedeu a Alfie a cidadania italiana para tentar agilizar o processo. Autoridades como o presidente da Polônia e o presidente do Parlamento Europeu apoiaram Alfie em público. Celebridades de dezenas de países aderiram à causa do bebê, embora figuras da realeza, da política e até mesmo da Igreja na Inglaterra se calassem, omissas. Milhões de pessoas do mundo inteiro rezaram por Alfie e se manifestaram em favor da família e do seu direito natural e inalienável de proteger a vida do próprio filho.
Mas a “justiça” humana dos magistrados britânicos, ecoando a opinião dos médicos do hospital Alder Hey, decretou que era “inútil” que Alfie continuasse a viver até a sua morte natural. A transferência foi negada, assim como tinha sido negada, inúmeras vezes, a súplica para que os aparelhos não fossem desconectados. Numa noite de segunda-feira, 23 de abril, os médicos do hospital de Liverpool removeram o suporte vital para deixar Alfie morrer.
Mas, surpreendentemente, bravamente, Alfie continuou respirando, sozinho, por cinco dias!
Todos sabíamos que a sua doença desconhecida era grave, mas não era o capricho de alguns o que iria determinar a data e a hora para que ela desse cabo da vida de Alfie. E o bebê, apenas um bebê, deixou bem claro que a vida não se curva ao que lhe é imposto em nome da “justiça”.
Na quarta-feira 25 de abril, a Suprema Corte britânica martelou seu enésimo não ao apelo dos pais de Alfie para transferir o filho ao Bambino Gesù, que teria assumido todas as despesas. Nas primeiras horas de sábado, 28 de abril, após sobreviver sem ajuda dos aparelhos durante inacreditáveis cinco dias, o pequeno grande Alfie partiu desta vida para o Abraço Eterno do Pai.
“O nosso bebê ganhou asas nesta noite às 2h30 da manhã. Estamos com o coração partido. Obrigada a todos pelo seu apoio”.
Com este post no Facebook, Kate James anunciou a partida do filhinho, enquanto, o pai, Thomas, escreveu:
“O meu gladiador baixou o seu escudo e ganhou asas às duas e meia da manhã. Totalmente inconsolável. Eu amo você, meu menino”.
A mensagem de Alfie
Alfie não falava, mas fez e continua a fazer um barulho histórico.
Eles quiseram lhe “doar” a morte a todo custo, mas ele nos deu tanta vida e tanto amor com a inocente gentileza do seu rostinho sereno!
Uma juíza declarou que a criança estava tão devastada que não conseguia sentir nem mesmo o carinho de sua mãe: mas nós nos sentíamos, todos, acariciados por ele.
Os médicos que deviam cuidar dele o deixaram morrer prematuramente; o pequeno Alfie, porém, procurou curar a nossa doença mais mortal: a indiferença.
Ele era prisioneiro, mas libertou, em milhões de humanos, a coragem de falar e de agir em liberdade.
Ele era o mais fraco de todos, mas deu uma força descomunal e implacável a todos aqueles que o amavam.
A lei foi muito dura: Alfie nos mostra que o amor é muito mais forte do que a lei.
Vimos uma justiça fria, mas Alfie conseguiu aquecer até derreter milhões de corações no mundo inteiro.
Consideraram a sua vida inútil, mas o pequeno Alfie atraiu e envolveu milhões de pessoas numa luta por um mundo mais humano.
Alfie, sem falar, se tornou a voz e o brado de todos os pequenos deste mundo, usados, explorados e, quando não são mais considerados “úteis”, descartados.
O nosso mundo utilitarista, se não continuarmos reagindo e resistindo, um dia descartará também a nós: para todos chegará o momento de pedir amor e salvação, do fundo da nossa própria “inutilidade”.
Alfie reza por nós
Alfie foi esmagado pela violência de poderosos interesses ideológicos, mas nos ensina a reagir com espírito suave e ao mesmo tempo firme.
O mistério da vida só Deus conhece. Mas Alfie nos fez vislumbrar um raio de luz desse mistério.
Alfie é loucura e escândalo para alguns: ele nos recorda Aquele que foi crucificado. Ele nos recorda o juízo final:
“Eu estava com fome e tu me destes de comer…”“…Toda vez que fizeste essas coisas a um só desses meus irmãozinhos, foi a mim que o fizestes”.
Fomos milhões os que rezamos por Alfie. Agora é Alfie quem, dos braços de Deus, reza por nós.
Descanse em paz, pequeno grande, grandíssimo, Alfie.
Uma sugestão de oração pode ser encontrada aqui: Oração por Alfie e pela cultura da vida
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Partes deste texto foram reescritas a partir de publicação do Vatican News
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