sábado, 16 de junho de 2018

A religiosidade popular das festas juninas

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Efervescência cultural em torno das festas juninas revela a criatividade popular, que transforma o penar do dia a dia em festa, agregando valor à vida e sentido para a história.
Religiosidade popular lida com a dimensão oficial e tradicional da fé de maneira livre e criativa.
Religiosidade popular lida com a dimensão oficial e tradicional da fé de maneira livre e criativa. (Reprodução/ Pixabay)
Por Felipe Magalhães Francisco*

Em nossas tradições populares, as que se dão no mês de junho são as mais esperadas. Trata-se de ocasião bastante diversa da do carnaval e também de outras festas de cunho mais religioso, tal como o natal e a páscoa. A efervescência cultural em torno das festas juninas revela a criatividade popular, que transforma o penar do dia a dia em festa, agregando valor à vida e sentido para a história. Revela, também, a flexibilidade com a qual as pessoas vivem a própria fé.

Essa flexibilidade é própria da religiosidade popular, que lida com a dimensão oficial e tradicional da fé de maneira livre e criativa. A religiosidade popular é a maneira que o povo encontrou para viver a própria fé, de maneira não tutelada pela hierarquia religiosa, criando seus próprios mitos e narrativas, símbolos e ritos, de modo inter-religioso e sincrético. As festas juninas são o sinal mais vivo dessa forma criativa de viver a fé, que está iminentemente ligado à alegria, à superação das dificuldades diárias e à esperança. Exemplo disso são as tão iminentemente tradições religiosas ligadas à devoção a Santo Antônio e a São João, sobretudo, nesse período junino.

Refletindo sobre A religiosidade das festas juninas: tradição na modernidade, Alex Kiefer da Silva nos propõe o primeiro artigo de nossa matéria especial. No texto, o autor remonta às origens das festividades próprias deste período que marcam o solstício de verão, no hemisfério norte, e o solstício de inverno, no hemisfério sul, lendo-as em seu caráter religioso, bem como sua ressignificação cristã. Trazidas para o Brasil, essas festividades ganharam nova luz. Na modernidade, tal luz vem acompanhada de novos sentidos, que também contribuem para a mediação entre os sujeitos religiosos e o Sagrado.

Numa leitura propriamente cristã da religiosidade popular, temos o artigo: A piedade popular e os santos do mês de junho, de Rodrigo Ferreira, no qual nos aponta o valor da piedade popular, como força criativa e mantenedora da fé. No texto, o autor reflete a piedade popular, para além de sua origem junto ao povo, bem como sua recepção por meio de documentos oficiais da religião instituída.

 Fazendo uma leitura fenomenológica das festas juninas, temos o artigo Amores e quermesses juninas. No artigo, Rodrigo Ladeira reflete sobre as festas, em seu caráter de acontecimento. Elas retomam o específico do cristianismo, que é celebração de encontro de amor e alegria. O artigo-convite retoma elementos importantes dessas tradições populares, trazendo à luz seus significados e inspirações.

Boa leitura!

*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.

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