quarta-feira, 6 de junho de 2018

Poluição, pesca excessiva e mudanças climáticas ameaçam o Titicaca

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Com 8.500 km2 de superfície, e situado 3.500 metros acima do nível do mar, o Titicaca é o segundo maior lago da América do Sul, depois do de Maracaibo, na Venezuela.
Uma parte do lago Titicaca em Puerto Pérez, departamento de La Paz, Bolívia.
Uma parte do lago Titicaca em Puerto Pérez, departamento de La Paz, Bolívia. (AFP)

A poluição, a pesca excessiva e as mudanças climáticas estão acabando com a saúde das águas do lago Titicaca, compartilhado por Bolívia e Peru, alerta o biólogo Xabier Lazzaro, estudioso do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD) da França.

Como qualquer lago que está perto de um centro urbano, o principal problema é a poluição. Além disso, há as mudanças climáticas, que "aqui no altiplano são mais fortes", diz o especialista à AFP durante uma visita ao lago.

O governo boliviano dedicará 86 milhões de dólares, em cooperação com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a União Europeia, para ampliar uma usina de tratamento de águas em El Alto e construir mais uma dezena em populações ribeirinhas, disse o ministro boliviano do Meio Ambiente e Água, Carlos Ortuño.

A este investimento, o governo francês somará outros 115 milhões de dólares, que dedicará à construção de infraestrutura de saneamento, em particular na Baía de Cohana, na desembocadura do rio Katari, anunciou o diretor da Agência Francesa para o Desenvolvimento (AFD), Rémy Rioux.

Com 8.500 km2 de superfície, e situado 3.500 metros acima do nível do mar, o Titicaca é o segundo maior lago da América do Sul, depois do de Maracaibo, na Venezuela.

Por enquanto, a poluição se concentra principalmente em lugares próximos a grandes zonas urbanas, como a cidade boliviana de El Alto, vizinha de La Paz, e as peruanas Juliaca e Puno.

No lado boliviano, o desastre é especialmente crítico na chamada Baía de Cohana, onde é descarregada a maior parte das águas residuais geradas por El Alto, cidade com mais de 800.000 habitantes.

Técnicos do IRD também encontraram "concentrações bastante anormais" de antibióticos que chegam ao lago a partir de El Alto, através das águas do rio Katari.

Esses resíduos medicinais podem afetar "a reprodução dos peixes, mudar a proporção entre macho e fêmea e afetar inclusive os humanos. Além disso, aqui a radiação solar muito forte provoca mutações nos organismos", explica.

As mudanças climáticas também alterarão a temperatura da água do lago, alerta. Se a temperatura do planeta sobe em média 2 graus, a do Titicaca sobe 4, por sua altitude, o que antecipa um cenário futuro "terrível", diz o especialista.

As consequências afetarão as cadeias alimentares, em particular o plâncton, os micro-organismos e o ciclo de reprodução dos peixes.

O uso de redes para a pesca maciça no Titicaca é também uma ameaça para a sobrevivência da vida no lago, alertam os especialistas.


AFP

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