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Sermão de Santo Antônio aos peixes |
Santo Antônio nasceu em Lisboa e
morreu em Pádua (1195-1231). Viveu só 36 anos, mas de tal modo configurado com
Cristo, externando excessiva bondade, a ponto de não tardar ser elevado às
honras dos altares, um ano após sua morte. Apóstolo da bondade e da paz o foi,
que, com sua inteligência brilhante, se colocou a serviço do reino de Deus, na
qualidade de exímio pregador do Evangelho, concreto na caridade aos
empobrecidos e abandonados. Os folclores italiano e brasileiro fazem alusões
por demais generosas, aos poderes de Santo Antônio.
Assim como São Francisco, soube
falar carinhosamente aos passarinhos. Ficamos extasiados diante do seu sermão
aos peixes, em tom poético quanto folclórico, certamente fantasioso, mas
despertando e fertilizando o utópico imaginário, na revelação do sentido da
transcendência, no diálogo com Deus. Tudo aconteceu em uma cidade italiana que
estava nas mãos dos descrentes e, com a chegada de Santo Antônio àquele lugar,
sabedores das virtudes do grande arauto do Evangelho conclamam toda a
comunidade a uma reação: "Vamos isolá-lo através de um ambiente de
silêncio, nas expressões de indiferença". E assim se sucedeu. Antônio não
encontra ninguém favorável a ouvir a palavra de Deus: igrejas vazias, praças
desertas e uma absoluta neutralidade e desamor.
O amor de Deus abre corações e
mentes, nos apelos por uma viva esperança, luz que resplandece nas trevas, tão
visível em Santo Antônio! A criatura humana é chamada a experimentar esse amor,
comprovado de muitos modos e em variadas circunstâncias, aqui, no convite de
Santo Antônio: "Venham, vocês, peixes, a ouvir a palavra de Deus, já que
os homens arrogantes não se dignam a ouvi-la!". E logo surgem centenas ou
milhares de peixes, dispostos a escutar sua palavra de exortação e louvor.
Santo Antônio fala de um modo
explícito ao nosso mundo, ensinando-nos que só mesmo em Deus somos capazes de
superar nossa falta de amor por um mundo mais inclusivo, de transpor a
dramática montanha da intolerância, indiferença e insensibilidade, indo aos
corações fechados e hostis à mensagem do Evangelho. É como diz a música a
respeito do amável Santo Antônio: "Se milagres tu procuras / pede-os logo
a Santo Antônio / Fogem dele as desventuras / o erro, os males e o demônio /
bens perdidos faz achar / e dá saúde aos doentes". Amém!
*Padre, Jornalista, Colunista e Pároco de Santo Afonso,
Parquelândia, Fortaleza-CE. Da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza geovanesaraiva@gmail.com
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