domingo, 14 de outubro de 2018

Com Jesus em meio às crises

domtotal.com
Reflexão sobre a liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum - Marcos 10,17-30
O homem rico tem muitas coisas, mas lhe falta a única coisa que o permite seguir a Jesus verdadeiramente. É bom, mas vive apegado ao seu dinheiro.
O homem rico tem muitas coisas, mas lhe falta a única coisa que o permite seguir a Jesus verdadeiramente. É bom, mas vive apegado ao seu dinheiro. (Reprodução/ Pixabay)
Por José Antonio Pagola*

Antes de Jesus partir, um estranho se aproxima dele correndo. Ao que parece, tem pressa em resolver seu problema: "O que devo fazer para herdar a vida eterna?" Não lhe preocupam os problemas desta vida. É rico. Tudo está resolvido.

Jesus o coloca diante da lei de Moisés. Curiosamente, não lhe recorda os dez mandamentos, mas apenas aqueles que proíbem de agir contra o próximo. O jovem é um homem bom, fiel observante da religião judaica: "Tudo isso tenho cumprido desde a juventude".

Jesus o olha com carinho. É admirável a vida de uma pessoa que não causou mal a ninguém. Jesus quer agora atraí-lo para colaborar consigo em seu projeto de criar um mundo mais humano, e lhe faz uma proposta surpreendente: "Uma coisa lhe falta: vai, vende tudo o que tens, dê teu dinheiro aos pobres ... e depois vem e segue-me".

O homem rico tem muitas coisas, mas lhe falta a única coisa que o permite seguir a Jesus verdadeiramente. É bom, mas vive apegado ao seu dinheiro. Jesus lhe pede que renuncie à sua riqueza e a coloque ao serviço dos pobres. Somente compartilhando o que tem com os necessitados poderá seguir a Jesus colaborando em seu projeto.

O homem se sente incapaz. Precisa de bem-estar Não tem forças para viver sem sua riqueza. Seu dinheiro está acima de tudo. Renuncia a seguir Jesus. Viera correndo entusiasmado em sua direção. Agora se afasta triste. Nunca conhecerá a alegria de colaborar com Jesus.

A crise econômica está convidando os seguidores de Jesus a darmos passos em direção a uma vida mais sóbria, a compartilharmos com os necessitados o que temos e simplesmente não precisamos para viver com dignidade. Temos de nos perguntarmos muito concretamente se queremos seguir a Jesus nesses momentos.

A primeira coisa é rever nossa relação com o dinheiro: o que fazer com o nosso dinheiro? Por que guardar? Em que investir? Com quem compartilhar o que não precisamos? Em seguida, rever nosso consumo para torná-lo mais responsável e menos compulsivo e supérfluo: o que compramos? Onde compramos? Para que compramos? Quem podemos ajudar a comprar o que precisam?

Estas são perguntas que temos que nos fazer no fundo de nossas consciências e também nas nossas famílias, comunidades cristãs e instituições eclesiais. Não faremos gestos heróicos, mas se dermos pequenos passos nessa direção, conheceremos a alegria de seguir Jesus, contribuindo para tornar a crise de alguns um pouco mais humana e suportável. Se não, sentiremo-nos bons cristãos, mas nossa religião não terá felicidade.


Periodista Digital - Tradução: Gilmar Pereira

*José Antonio Pagola é padre e tem dedicado a sua vida aos estudos bíblicos, nomeadamente à investigação sobre o Jesus histórico. Nascido em 1937, é licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagradas Escrituras pelo Instituto Bíblico de Roma (1965), e diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no seminário de San Sebastián (Espanha) e na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha (sede de Vitória), foi também reitor do seminário diocesano de San Sebastián e vigário-geral da diocese de San Sebastián.

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