quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Ambicioso programa para salvar a Grande Barreira de Coral

domtotal.com
Por conta da mudança climática, a Grande Barreira de Coral sofre episódios sem precedentes de branqueamento.
Cientista trabalha em um projeto de reabilitação da Grande Barreira de Coral na Austrália, em imagem divulgada em 28 de novembro de 2018 pela James Cook University (James Cook University/AFP)
Cientista trabalha em um projeto de reabilitação da Grande Barreira de Coral na Austrália, em imagem divulgada em 28 de novembro de 2018 pela James Cook University
Cientista trabalha em um projeto de reabilitação da Grande Barreira de Coral na Austrália, em imagem divulgada em 28 de novembro de 2018 pela James Cook University (James Cook University/AFP).

Um grupo de cientistas anunciou, nesta quarta-feira (28), o lançamento da tentativa de reabilitação mais ambiciosa da Grande Barreira de Coral, que consiste em coletar óvulos e esperma desses animais e criá-los em laboratório antes de reintroduzi-los na joia da natureza australiana.

A Grande Barreira de Coral, reconhecida como Patrimônio Mundial da Unesco desde 1981, tem uma extensão de 345.000 km2 e é considerada a maior barreira de recife do planeta.

Por conta da mudança climática, sofre episódios sem precedentes de branqueamento. Também é ameaça pela Acanthaster púrpura, uma estrela-do-mar que devora os recifes, e pelas atividades industriais e agrícolas.

Nesta quarta, pesquisadores australianos anunciaram um ambicioso projeto para criar larvas de coral que, a seguir, serão integradas nas zonas mais danificadas da Barreira.

"É a primeira vez que o conjunto do processo de criação de larvas e de integração nos recifes acontecerá na Grande Barreira de Coral", declarou em um comunicado Peter Harrison, da Southern Cross University.

"Nossas equipes restaurarão centenas de metros quadrados com o objetivo de chegar (a restaurar) no futuro quilômetros quadrados, o que representa a maior extensão alcançada até agora", acrescentou o pesquisador australiano.

Ação em defesa do clima

O lançamento do "Projeto de restauração de larvas" acontecerá no mesmo período do ano em que acontece a reprodução dos corais, que começará durante os próximos dias e dura apenas entre 48 e 72 horas.

Seu objetivo é compilar óvulos e esperma de coral durante o breve período de segregação, depois criar larvas e reintegrá-las nas zonas danificadas da Grande Barreira.

Não obstante, esta operação conta com a dificuldade da grande dispersão de óvulos e esperma que se produz em função das ondas e das correntes marinhas.

O branqueamento de coral, que significa a perda de cor destes animais marinhos, se deve sobretudo ao aumento da temperatura da água do mar, que provoca a expulsão das algas simbióticas que dão ao coral a sua cor e os seus nutrientes.

Os recifes se recuperarão se a temperatura diminuir, mas também podem morrer se este fenômeno persistir.

Durante os últimos 20 anos, a Grande Barreira experimentou quatro períodos de descoloração extrema: 1998, 2002, 2016 e 2017.

Uma das novidades do programa impulsionado nesta quarta é que a criação de larvas será realizada em paralelo à de algas microscópicas.

"Esperamos acelerar o processo se conseguirmos que as possibilidades de sobrevivência e crescimento do coral se vejam reforçadas com a absorção rápida de algas", explicou David Suggett, da University of Technology de Sidney, que colabora no projeto.

Harrison confia que a criação de larvas servirá para restaurar a Grande Barreira, mas reconhece que isso será insuficiente.

"A ação em defesa do clima é a única forma de garantir a sobrevivência dos recifes de coral", afirma Harrison.

"O nosso projeto de reabilitação de recifes servirá para ganhar tempo para que as populações de coral sobrevivam e evoluam até que reduzam as emissões de dióxido de carbono e as temperaturas se estabilizem", acrescenta.


AFP

Nenhum comentário:

Postar um comentário