segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Advento: viver na esperança e da esperança

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O Advento nos projeta para a segunda vinda de Cristo, o Advento também nos lança ao passado, convidando-nos a contemplar a encarnação do Verbo.
Este tempo litúrgico deveria ser um momento oportuno para parar um pouco, refletir o caminho percorrido até então e renovar a esperança Naquele em quem acreditamos.
Este tempo litúrgico deveria ser um momento oportuno para parar um pouco, refletir o caminho percorrido até então e renovar a esperança Naquele em quem acreditamos. (Lukas Langrock by Unsplash)
Por Carlos César Barbosa*

Advento significa chegada. Dentro da liturgia católica o Advento é o período das quatro semanas que precedem a celebração do Natal e prepara, justamente, a chegada de Jesus. O Natal é o grande anúncio da descida de Deus ao encontro de nossa humanidade. Vale lembrar os versos do teólogo Leonardo Boff que nos faz pensar sobre essa nossa compreensão de Deus, revelada no Natal: “todo menino quer ser homem. Todo homem quer ser rei. Todo rei quer ser ‘deus’. Só Deus quis ser menino.”

Esse caminho de preparação que é o Advento tem duas dimensões muito importantes. A primeira nos convida a preparar esperançosamente a nossa vida para a vinda gloriosa do Senhor. A segunda é que o Advento nos anima nessa esperança recordando as circunstâncias em que Cristo veio na primeira vez. Ou seja, ao mesmo tempo em que nos lança ao futuro, o Advento também nos lança ao passado, convidando-nos a contemplar com o coração humilde e agradecido a encarnação do Filho de Deus na História. Ao ter vindo, ao estar vindo e ao prometer vir na glória, Jesus nos abre o espaço de viver da esperança e viver na esperança.

Este tempo litúrgico, que para muitos passa quase despercebido, deveria ser um momento oportuno para parar um pouco, refletir o caminho percorrido até então e renovar a esperança Naquele em quem acreditamos. Certamente, dar atenção a estes aspectos no clima agitado de final de ano não é fácil. Mas não podemos negar que, diante dessa correria constante, a falta de reflexão tem nos levado a uma sensação de que as repostas que temos dado, às diversas realidades que vivemos, parecem ser insuficientes.

O Advento, portanto, pode abrir caminho no deserto de nosso egoísmo, de nossos medos e daquelas incertezas que nos paralisam, levando-nos a uma reflexão e a uma mudança de vida sérias. Bem que poderíamos aplainar os caminhos que nos conduzem ao encontro do outro, na sua diversidade e dignidade de filho de Deus. É um tempo oportuno para derrubar as barreiras e desatar os nós da autossuficiência que nos impedem de ter lugar no presépio em Belém.

 Por que não se propor a viver um Advento diferente? O que podemos fazer para, neste tempo, abrir caminhos, diminuir as distâncias que nos separam e corresponder ao amor de Deus que nos faz ricos com sua pobreza? Que neste caminho de preparação levemos ao Senhor o fruto da nossa reflexão e do nosso bom propósito. Desse modo, ao chegar no Natal, poderemos, mais livres, acolher melhor o ‘Deus que quis ser menino’.

*Carlos César Barbosa é bacharel em Relações Internacionais pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Estudou na Universidad de La República (Uruguai). Atualmente estuda na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. (FAJE); Jesuíta. E-mail: carloscesarsj@outlook.com

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