segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Não perder de vista o verdadeiro sentido do Natal

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O Natal não é uma festa fácil, embora pareça. Poderemos celebrá-lo bem, se, a partir de nosso interior, ousarmos acreditar que Deus pode e continua a nascer entre nós e em nosso cotidiano
O Natal é a inauguração de um novo tempo. É uma proposta de recomeço.
O Natal é a inauguração de um novo tempo. É uma proposta de recomeço. (Reprodução/ Pixabay)
Por Carlos César Barbosa*

O calendário avança e nos anuncia o Natal. Toda a esperança e vigilância vividas no tempo do advento, mais que um passo prévio ao Natal é uma atitude constante que nos leva a crer que o melhor virá, e de fato vem. Num primeiro momento os sinais religiosos, as decorações, os votos sinceros e, por vezes, protocolares de feliz natal, sobressaem. O consumo em excesso, a quase obrigação de dar e receber presentes e a expectativa por mais um feriado, também. Há os que gostam do Natal pelo seu significado e pelas saudades que ele evoca, há os que não suportam ou ignoram e há aqueles que vivem a alegria do natal quase que por decreto. A questão é que, como cristãos, não podemos deixar perder de vista o verdadeiro sentido dessa solenidade.

Para além dos motivos que nos oferecem a nossa sociedade de consumo e a nossa etiqueta social e religiosa, o caminho de cada cristão ao Natal do Senhor é pessoal e cada um de nós precisa fazer o seu. O Natal não é uma festa fácil, embora pareça. Despidos de todo o romantismo que cerca o Natal indevidamente, poderemos celebrá-lo bem, se, a partir de nosso interior, ousarmos acreditar que Deus pode e continua a nascer entre nós e em nosso cotidiano. Esse nascimento será também pobre e frágil, como foi o de Belém. Mas pode ser, justamente por isso, um acontecimento real, profundo e um verdadeiro presente de Natal.

Logo no início do Evangelho de São João, que é lido na missa do dia de Natal, está escrito que “No princípio era a Palavra e que a Palavra se fez carne e habitou entre nós.” Essa Palavra de Deus, quando se torna existência humana na Pessoa de Jesus, revela para todos nós o seu amor e sua generosidade. Por isso, proclamar que Cristo, na humildade de Belém, é a Palavra feito carne é proclamar que Ele é a linguagem de amor completo do Pai. Se compreendemos que Jesus todo é a Palavra e que tudo Nele é mensagem de Deus, o sentido do Natal torna-se único na história da humanidade porque não haverá nada nem ninguém que se compare a Cristo.

A Palavra que nos falta neste Natal é o próprio Jesus: Palavra autêntica, encarnada, de comunhão e de amor por cada um de nós. O Natal é a inauguração de um novo tempo. É uma proposta de recomeço, “onde a vida não se programa, mas se doa; onde não se vive mais para si, de acordo com os próprios gostos, mas para Deus e com Deus, porque a partir do Natal Deus é o Deus conosco”. (Papa Francisco, em sua última Audiência Geral). Que o nascimento do Menino possa despertar o nosso silêncio e nos fazer entoar um hino de gratidão, fazendo-nos assim, não apenas destinatários, mas portadores e comunicadores desta Palavra. Ainda é tempo de viver um Natal diferente carregado de sentido e beleza verdadeiramente cristãos.

*Carlos César Barbosa é bacharel em Relações Internacionais pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Estudou na Universidad de La República (Uruguai). Atualmente estuda na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. (FAJE); é jesuíta. E-mail: carloscesarsj@outlook.com

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