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O amor por Jesus queimou apaixonadamente no coração de São Nicolau, natural de Myra, e podemos ensiná-lo aos nossos filhos quando os apresentamos ao Papai Noel.
Papai Noel pode ser um ponto de entrada no milagre da encarnação. (Reprodução/ America Magazine)
Por Katie Prejean McGrady*
Eu estava na quarta série quando descobri que Papai Noel não era "real".
Aconteceu acidentalmente. Ouvi meu avô perguntar aos meus pais onde iriam colocar minha nova bicicleta depois que as crianças tivessem ido para a cama. Inicialmente não liguei muito. Talvez a bicicleta fosse dada pelos meus pais e o Papai Noel trouxesse outra coisa para mim. Mas a manhã de Natal chegou, e lá estava uma mountain bike brilhante e reluzente, com oito marchas, freios de mão extravagantes e uma etiqueta pendurada no guidão: "Para Katie, do Papai Noel".
A festa acabou.
Fiz cara de coragem, agindo como se não conhecesse o grande segredo, por causa da minha irmã mais nova. Porém, mais tarde, confrontei a minha mãe sobre o que tinha ouvido naquela noite, exigindo respostas.
"Então, mamãe, o Papai Noel é real?" Pensando que iria pegá-la em alguma mentira elaborada, esperei por sua resposta, pronta para atacar.
Ela parou apenas o tempo suficiente para eu saber que estava prestes a me deixar entrar em algum esquema. "Papai Noel não desce por uma chaminé e lhe deixa presentes, se é isso que você quer dizer".
Ela começou a me explicar que, embora o Papai Noel não fosse necessariamente "real" da maneira que eu até então pensava que era, o espírito do Papai Noel - São Nicolau, para ser exata - era muito real, e ela e meu pai haviam me contado sobre o Papai Noel porque queriam que soubesse sobre o mistério e a beleza do Natal.
E então ela me disse algo que nunca vou esquecer: “Sabe, Katie. Papai Noel não é a razão do Natal. Jesus o é. Nós sempre dissemos isso a você”.
“Mas acreditar no Papai Noel e em nós falando sobre sua generosidade e gentileza, trazendo-lhe presentes todos os anos”, continuou, “ajuda-nos a entender esta época especial e nos preparar para celebrar o melhor presente de todos, Jesus”.
Foi a resposta perfeita, que nunca esqueci, e se faz verdade para mim hoje como mãe com minha própria filha que está experimentando o mistério e a beleza do Natal como criança.
Todos os anos testemunho o debate entre pais, incluindo católicos, sobre se devem ou não “fazer o Papai Noel”. Aqueles do grupo anti-Noel trazem pontos válidos sobre não querer mentir para seus filhos ou não querer encorajar uma boa conduta porque "Papai Noel está fazendo uma lista e checando duas vezes como você foi esse ano", como se devêssemos ser bons apenas para receber uma recompensa. E compartilho a preocupação deles de que o Natal, para alguns, está se transformando em um feriado consumista centrado inteiramente em presentes.
Mas acho que há uma razão muito simples para ensinar as crianças sobre o Papai Noel, talvez até falar sobre ele durante todo o mês de dezembro e defender alguns dos caprichos e maravilhas que esboçam a figura do alegre São Nicolau: Papai Noel é, na verdade, real.
São Nicolau de Mira, um bispo, teólogo, ferrenho defensor da divindade de Jesus e generoso patrono dos pobres, era muito real e alguém que nós, como católicos, devemos conhecer, ensinar, fazer orações e acreditar muito.
Simplesmente dizer "Papai Noel não é real" é simplificar demais o mistério e a grandiosidade que cercam a figura de São Nicolau. Nossa cultura materialista cooptou certamente este santo em um tipo de personagem de desenho animado, que apenas serve para julgar e entregar presentes. Mas São Nicolau (e, portanto, Papai Noel) é a figura perfeita para ajudar as crianças a aprender sobre o mistério e a beleza do Natal.
A melhor história (talvez mais mito do que verdade) sobre São Nicolau é a que as pessoas mais gostam de contar. Enquanto Ario debatia no Concílio de Nicéia, Nicolau ficou tão chateado com a negação da divindade de Jesus que deu um tapa no rosto de Ario e foi punido por sua explosão. A história conta que, enquanto foi preso, teve uma visão de Jesus, que perguntou para ele por que estava na cadeia. "Por causa do meu amor por você", disse Nicolau.
O amor por Jesus queimou apaixonadamente o coração de São Nicolau de Mira, e podemos ensiná-lo aos nossos filhos quando apresentamos o Papai Noel. Quer seja no shopping quando tiramos fotos ou no barulhento Papai Noel de desenhos animados, todo encontro com ele - mesmo em meio ao materialismo e ao consumismo - é uma oportunidade de ensinar nossos filhos sobre um amor profundo por Jesus.
O espírito do Natal é sobre uma coisa acima de tudo: o mistério da encarnação. É quando celebramos o Verbo se tornando carne, e isso é uma coisa miraculosa e mística. É difícil envolver nossas cabeças nessa dinâmica de solidariedade. Preparamos presépios e cantamos canções sobre as noites felizes e sagradas, mas todos, especialmente nossos filhos, precisam de coisas tangíveis que nos ajudem a compreender a importância e o significado do Natal. Em vez de ver o Papai Noel como uma mentira ou uma criação para tratar as crianças levadas e torna-las crianças educadas, o Papai Noel pode ser um ponto de entrada no milagre da encarnação.
Eu não quero nada mais do que a minha filha acordando na manhã de Natal, nos próximos anos, e se surpreender com os presentes debaixo da árvore, presentes que não estavam lá na noite anterior. Quero que fique surpreendida, até mesmo chocada, com a presença deles, assim como o mundo ficou surpreso com a nova presença de uma criança rei, deitada em uma manjedoura, fugindo sob nossos narizes, pronto para salvar o mundo. Eu quero que minha filha fique emocionada enquanto esperamos na fila para tirar uma foto com Papai Noel, ansiosos para encontrar um homem que dissemos que ama a Jesus em primeiro lugar e é generoso, assim como Jesus é para nós hoje. Quero que fique pulando de alegria quando colocamos o bebezinho na manjedoura e cantamos “Parabéns” para ele.
Acho que o Papai Noel - e o conhecimento e o mistério que cercam esse velho alegre de traje vermelho - podem ajudá-la a ganhar a sensação de admiração e surpresa que queremos que tenha quando se trata de Jesus Cristo.
Papai Noel não tem que diminuir o milagre da encarnação. Sim, o Noel materialista, alegre e que faz lista, pode baratear o Natal, se estiver acostumado a conseguir apenas o bom comportamento das crianças em troca de presentes. Mas se introduzirmos o Papai Noel como um homem de virtude, que exemplifica a generosidade e a alegria, e as crianças são ensinadas a imitar seu espírito generoso e antecipar sua chegada, que traz novidades de conforto e alegria por causa de Jesus, então Papai Noel pode abrir ao mistério da encarnação enquanto celebramos o maravilhoso nascimento de nosso Senhor.
America Magazine - Tradução: Ramón Lara
*Katie Prejean McGrady é uma oradora católica e autora de 'Follow: Your Lifelong Adventure with Jesus'. Mora em Lake Charles, Louisiana,
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