sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Papa alerta para 'desinformação' na internet

Francisco apela que as comunidades de redes sociais se tornem mais humanas.


Francisco desembarca no Aeroporto Internacional do Panamá
Francisco desembarca no Aeroporto Internacional do Panamá (AFP)
O Papa Francisco alertou nesta quinta-feira (24) para a "desinformação" e a "distorção consciente dos fatos" na internet, em mensagem transmitida por ocasião da Jornada Mundial das Comunicações Sociais.
"A rede é um recurso do nosso tempo: uma fonte de conhecimentos e relações outrora impensáveis. Mas numerosos especialistas, a propósito das profundas transformações impressas pela tecnologia às lógicas da produção, circulação e fruição dos conteúdos, destacam também os riscos que ameaçam a busca e a partilha duma informação autêntica à escala global", afirma o boletim.
"Se é verdade que a internet constitui uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber, verdade é também que se revelou como um dos locais mais expostos à desinformação e à distorção consciente e pilotada dos factos e relações interpessoais, a ponto de muitas vezes cair no descrédito", alerta o papa.
"É necessário reconhecer que se, por um lado, as redes sociais servem para nos conectarmos melhor, fazendo-nos encontrar e ajudar uns aos outros, por outro, prestam-se também a um uso manipulador dos dados pessoais, visando obter vantagens no plano político ou econômico, sem o devido respeito pela pessoa e seus direitos", prossegue o pontífice, alertando que, "entre os mais jovens, as estatísticas revelam que um em cada quatro adolescentes está envolvido em episódios de cyberbullying".
O papa, que em várias ocasiões saiu em defesa da acolhida de imigrantes e da diversidade como uma riqueza para o gênero Humano, adverte que "no cenário atual, salta aos olhos de todos como a comunidade de redes sociais não seja, automaticamente, sinônimo de comunidade".
"Além disso, na social web, muitas vezes a identidade funda-se na contraposição ao outro, à pessoa estranha ao grupo: define-se mais a partir daquilo que divide do que daquilo que une, dando espaço à suspeita e à explosão de todo o tipo de preconceito (étnico, sexual, religioso, e outros)".
"Esta tendência alimenta grupos que excluem a heterogeneidade, alimentam no próprio ambiente digital um individualismo desenfreado, acabando às vezes por fomentar espirais de ódio. E, assim, aquela que deveria ser uma janela aberta para o mundo, torna-se uma vitrine onde se exibe o próprio narcisismo", ressalta Francisco.
Ele também destaca o risco de o uso da Internet "pode também agravar o nosso auto-isolamento", apontando que "os adolescentes é que estão mais expostos à ilusão de que a social web pode satisfazê-los", caindo na armadilha "do perigoso fenômeno dos jovens 'eremitas sociais', que correm o risco de se tornarem totalmente alheios da sociedade".
A Jornada Mundial das Comunicações Sociais será realizada este ano em vários países no dia 2 de junho, informou o Vaticano.

AFP

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