Carlos Delano Rebouças*
Nos livros de História ou nas inúmeras enciclopédias que se enfileiravam na antiga estante colonial da sala de estar da casa dos meus pais, onde nasci e me criei, pude saber, embora na visão de determinados autores e editoras, muito do que aconteceu no Brasil e no mundo. Era, aliás, ainda desejamos que seja, a grande oportunidade de sabermos o que de fato transcorreu ao longo do tempo que nos embase para discussões e reflexões sobre novos rumos que a sociedade vem tomando na modernidade.
Encantava-me conhecer a história das civilizações; as diversas fases de um Brasil que ora foi colônia, ora república das mais diferentes classificações; os diversos governos que tivemos; batalhas e lutas por independência, um longo período que parece não se acabar, apenas diversificando as cores, raças e classes, de escravidão, que parece querer voltar (já voltando), ante o sepultamento dos direitos que um tal de Vargas nos deixou. Tantos fatos que me levam ao êxtase.
Não posso deixar de salientar o Golpe de 1964 e a ditadura vivida fortemente até às Diretas Já. O povo ia para as ruas cantando em coro canções de Vandré, Chico e de um tal de Caetano. O povo tinha identidade, entendia que a liberdade de expressão se conquistava nas ruas e não como hoje acontece nas redes sociais.
Hoje vivemos novos tempos, nebulosos, por sinal. O povo parece não querer fugir da ignorância, entrega-se facilmente à força, deixando-a se impor aniquilando os mais valiosos sentimentos humanos, sepultando os interesses sociais ante a insignificante vaidade de confrontar falsas ideologias, insustentáveis até que o grito da incoerência venha a calar a voz da sensatez. Assim nasce a intolerância, semeada pelo mais perigoso sentimento humano: o ódio.
Não sei como as futuras gerações contarão os fatos de hoje. Não temos mais tantos livros, nem tantos sensatos autores e editoras, ou quem sabe interesse de quem dita as regras governamentais de que saibamos a verdade dos fatos. Vivemos uma nova era, a digital, de aparelhos modernos, de imensa memória que parece não servir para armazenar fatos.
*Professor de Língua Portuguesa e redação, conteudista, palestrante e facilitador de cursos e treinamentos, especialista em educação inclusiva e revisor de textos.
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