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Temos que agir antes que seja tarde demais. Jesus está vivo no meio de nós. (Pixabay)
Por José Antonio Pagola*
Tinha passado muito tempo desde que Jesus se apresentou em sua cidade, Nazaré, como profeta, enviado pelo espírito de Deus, para anunciar aos pobres a boa nova. Continua repetindo incansavelmente sua mensagem: 'Deus está próximo, abrindo caminho para fazer um mundo mais humano para todos'.
Porém, é realista. Jesus sabe bem que Deus não pode mudar o mundo sem que que as pessoas mudem. Por isso, esforça-se em despertar nas pessoas a conversão: “Convertei-vos e acreditai nesta boa nova”. Esse empenho de Deus em fazer um mundo mais humano será possível se respondermos acolhendo o seu projeto.
Passa-se o tempo e Jesus observa que as pessoas não reagem à sua chamada como seria o seu desejo. São muitos os que vêm para o ouvir, mas não se abrem ao “reino de Deus”. Jesus vai insistir. É urgente mudar antes que seja tarde demais.
Baseando-se neste contexto, segue uma pequena parábola. O proprietário de um terreno tem plantada uma figueira no meio da sua vinha. Ano após ano, vem procurar frutas e não consegue encontrá-las. Sua decisão parece a mais sensata: a figueira não produz frutos e está a ocupar inutilmente o terreno. O mais razoável é cortá-la.
Mas o encarregado do corte reage de forma inesperada. Por que não deixar a vinha? Ele conhece aquela figueira, a viu crescer e cuidou dela. Não queria que morresse. Ele decidiu cuidar da vinha, dedicando mais tempo e cuidado, a fim de verificar se daria frutos.
A história é interrompida abruptamente. A parábola fica em aberto. O dono da vinha e seu encarregado desaparecem de cena. É a figueira que decidirá seu destino final. Entretanto, receberá mais cuidados do que nunca daquele agricultor. Tudo isso nos faz pensar em Jesus: “aquele que veio para procurar e salvar o que foi perdido”.
O que se necessita, atualmente na Igreja, não é apenas introduzir pequenas reformas, e, sim, promover o “aggiornamento” ou cuidar da adaptação aos nossos tempos. Precisamos de uma conversão a nível mais profundo Um “coração novo”, uma resposta responsável e decidida à chamada de Jesus para entrar na dinâmica do Reino de Deus.
Temos que agir antes que seja tarde demais. Jesus está vivo no meio de nós. Como o encarregado da vinha, ele cuida das nossas comunidades cristãs, cada vez mais frágeis e vulneráveis. Ele nos alimenta com o Evangelho e nos sustenta com o seu Espírito.
Devemos olhar para o futuro com esperança. Ao mesmo tempo, vamos criando novo clima de conversão e renovação, que tanto necessitamos, e que os decretos do Concílio Vaticano não conseguiram, até agora, consolidar na Igreja.
*José Antonio Pagola é padre e tem dedicado a sua vida aos estudos bíblicos, nomeadamente à investigação sobre o Jesus histórico. Nascido em 1937, é licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagradas Escrituras pelo Instituto Bíblico de Roma (1965), e diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no seminário de San Sebastián (Espanha) e na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha (sede de Vitória), foi também reitor do seminário diocesano de San Sebastián e vigário-geral da diocese de San Sebastián.
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