Padre Geovane Saraiva*
No Primeiro Domingo da Quaresma, os seguidores de Jesus de Nazaré são convidados a caminhar rumo ao deserto. Lá, são chamados a viver uma intensa experiência do amor de Deus, identificados com seu Mestre e Senhor, Ele que foi conduzido pelo Espírito de Deus ao deserto (cf. Lc 4, 1-13). É claro que o convite é feito, pelo próprio Deus, às pessoas de boa vontade, mas mergulhadas no silêncio próprio do período quaresmal, querendo de nós, comunidade dos batizados, a mais absoluta certeza: “Que todo aquele que acreditar no Senhor não será confundido” (Rm 10, 11).
Precisamos sempre mais ver o deserto como lugar sagrado e privilegiado, mas, com muita disposição, ir para um verdadeiro encontro com Deus, tendo como exemplo o povo de Israel, que habitou por 40 anos na montanha sagrada. Vale lembrar que Elias percorreu um longo caminho, por 40 dias, até o monte de Deus; igualmente, João Batista, que lá se retirou, desde sua adolescência. Jesus de Nazaré, além de consagrar tal costume, ao viver na solidão do deserto durante quarenta dias, propõe a nós que O respeitemos, sem nunca perder de vista seu despojamento e sofrimento, obediente até a morte e morte de cruz.
Grande é a intimidade divina a nos envolver no deserto, mas sem nos iludir que maior é o combate sagrado, no qual somos convidados a vencer as ciladas deste mundo, pela graça da lealdade e fidelidade ao Pai. Jesus presenciou, sendo fiel a Deus, a proposta do Demônio, de um messianismo do triunfo e da glória. No nosso deserto do aqui e agora, Deus está conosco, se revelando a nós como o único caminho: pela humilhação, pela obediência e pela cruz. Resta-nos pôr nossa esperança no Messias, único e verdadeiro, convencidos de que a salvação chegou a nós e ao mundo. Amém!
*Pároco de Santo Afonso, Jornalista, Blogueiro, Escritor e Colunista, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com

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