quarta-feira, 27 de março de 2019

Principal opositor do governo no Congresso tem sido o próprio governo, diz Guedes

domtotal.com
'Ontem, tomei susto quando falaram que partido do governo ia jogar pedra na CCJ da Câmara'.
'O grupo que está chegando ainda não sabe onde está a cadeira e o grupo que já estava aí está sentado na janela'
'O grupo que está chegando ainda não sabe onde está a cadeira e o grupo que já estava aí está sentado na janela' (Sergio Moraes/Reuters).

Questionado sobre o voto até mesmo dos parlamentares da base do governo em medida que contrariariam a equipe econômica, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu nesta quarta-feira ( 27) que o principal opositor do governo no Congresso tem sido o próprio governo.  Guedes participa de  audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

"Está falhando algo em nós. É assustador. Ontem (terça-feira), tomei susto quando falaram que partido do governo ia jogar pedra na CCJ da Câmara", afirmou, em referência à audiência pública à qual desistiu de ir.

Guedes avaliou a aprovação na terça-feira na Câmara dos Deputados de uma proposta de emenda constitucional que engessa ainda o orçamento - com ampla maioria no plenário - foi uma "exibição de poder político".

"Ontem aconteceu uma demonstração de poder de uma casa legislativa. Foi um recado ao governo que diz que quer aprovar a reforma da Previdência em seis meses, mas também mostrou que PECs podem ser aprovadas em dois dias", afirmou, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Guedes disse ainda que esperava fechamento de questão dos principais partidos da base - PSL e DEM - sobre aprovação da previdência. "Há um choque de acomodação. O grupo que está chegando ainda não sabe onde está a cadeira e o grupo que já estava aí está sentado na janela. Mas acho que esse choque de acomodação no parlamento será superado", completou.

Bate-boca com Guedes

Paulo Guedes foi enquadrado pelo presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Omar Aziz (PSD-AM), após iniciar um bate-boca na comissão por se recusar a ser interrompido pela senadora Kátia Abreu (PDT-TO).

Guedes havia dito que um político se aposenta com 20 vezes o valor que ganha o trabalhador. Quando a senadora tentou corrigir essa informação, o ministro respondeu rispidamente: "A senhora terá o seu horário". Kátia tentou interromper novamente e Guedes reagiu. "Temos que ter alguma disciplina", completou.

Aziz saiu em defesa de Kátia Abreu e disse que Guedes teria mandado a senadora "calar a boca", mas o ministro negou. Em meio ao bate-boca, Aziz chegou a reclamar da postura do governo de acusar defeitos de uma chamada "velha política". "Podemos ter as nossas divergências políticas entre os senadores, mas o senhor é um convidado na comissão", continuou o presidente.

Passados alguns minutos, Guedes disse que não quis desrespeitar ninguém. "Quis fazer valer o meu tempo para responder", justificou-se.

O ministro explicou novamente que a proposta de reforma da Previdência tem duas fases. A primeira seria para reduzir desigualdades e combater privilégios. A segunda fase da reforma seria a transição para capitalização. "Somos tão respeitosos com o Congresso que a segunda fase (da capitalização) não foi definida ainda", completou.

Cargo

Após ser questionado sobre se deixaria o governo, caso a reforma da Previdência não for aprovada, Guedes disse não ter apego ao cargo. Sinalizou, entretanto, que não sairá do ministério na primeira derrota.

Guedes ainda disse que não brigará para ficar no cargo. "Estou aqui para servi-los, se ninguém quiser o serviço, terá sido um prazer ter tentado. Não tenho apego ao cargo, mas não a terei irresponsabilidade de sair na primeira derrota", afirmou, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Mais uma vez, ele colocou sua permanência no ministério nas mãos do presidente Jair Bolsonaro.

"Acredito em uma dinâmica virtuosa da democracia, não tenho dúvida de que poderes cumprirão seu papel. Se o presidente (Bolsonaro) apoiar coisas que acho que podem resolver o Brasil, estarei aqui. Se o presidente ou Poderes não assumirem, eu tenho vida fora daqui", completou o ministro.

Reforma para todos

O ministro da Economia argumentou que a reforma da Previdência atinge a todos, citando militares, mulheres e trabalhadores do campo. "O Congresso é que decide (sobre idade mínima da mulher). Fizemos nossa proposta. É uma proposta forte em que todo mundo contribui", afirmou.

Guedes lembrou que o próprio presidente Jair Bolsonaro, de maneira transparente, admitiu ter votado contra reformas anteriores e defendeu publicamente idades menores para a aposentadoria das mulheres. Segundo ele, porém, o presidente foi convencido pela equipe econômica.

"Considero a reforma uma questão de responsabilidade nossa com as futuras gerações, que não podem cair na mesma armadilha. Por isso peço uma transição para o regime de capitalização, que era citado inclusive por outros candidatos na campanha", repetiu Guedes. "Se tivermos R$ 1 trilhão de economia, conseguimos potência para que o foguete consiga vencer a força da gravidade" comparou. O ministro reiterou que a nova carteira verde e amarela será opcional.


Agência Estado/Redação

Nenhum comentário:

Postar um comentário