quinta-feira, 21 de março de 2019

“Temer e Moreira saem antes de 24 horas”, prevê ex-ministro da Justiça

Thais Reis Oliveira  POR THAIS REIS OLIVEIRA   21 DE MARÇO DE 2019


Para Eugênio Aragão, não havia nenhum motivo processual para prendê-los.

A prisão de Michel Temer e do companheiro Moreira Franco é movimento de limpar a barra da Lava Jato após as desventuras com o STF e o Congresso. É o que pensa o ex-ministro Eugênio Aragão, que chefiou a pasta ocupada hoje por Sérgio Moro durante o governo Lula.

“Tudo que eles fazem tem timing. Justo quando o genro de um dos atingidos [pela prisão] começa a enfrentar publicamente o ex-chefe da operação, que agora está no governo? É, no mínimo, uma grande coincidência”, avalia. Além disso, diz o jurista, a repercussão ruim do caso Fundação e as rusgas com o Supremo e a PGR pressionaram a força-tarefa da Lava Jato a agir contra o desprestígio.

➤ Leia também: Michel Temer é preso pela Lava Jato do Rio

Aragão se refere ao embate público entre Sérgio Moro e Rodrigo Maia, que é genro de Moreira Franco. O motivo era a pressa do ministro em aprovar junto ao Congresso o pacote anticrime, sugerindo que ele tramitasse junto com a Reforma da Previdência. Maia não gostou e o chamou de “funcionário de Bolsonaro”, além de dizer que seu projeto era um “copia e cola” de outra proposta.

Temer e Moreira Franco foram presos sob mandado do juiz Marcelo Bretas, que cuida da Lava Jato no Rio de Janeiro. O caso envolve a delação do dono da empreiteira Engevix, que diz ter repassado 1 milhão de reais em propina a um militar amigo de Temer e Moreira Franco. A empreiteira fechou contratos com a usina de Angra III.

Para Aragão, não havia nenhum motivo processual para prendê-los. A questão é simbólica. “Essas pessoas têm endereço fixo e as provas certamente já foram colhidas. Porque foram presos? Não há nada que eles possam fazer agora na PF que não poderiam fazer soltos.”

➤ Leia também: Depois de Temer, PF prende Moreira Franco sob mandado de Bretas

Apesar disso, ele duvida que os emedebistas fiquem muito tempo atrás das grades. “Pelo ritmo que a gente desse quadrante é tratada, não ficam presos nem 24 horas.”


Repercussão tímida
Em nota oficial, o MDB falou em “postura açodada” da Justiça, e argumenta que o inquérito demonstrou “que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República, Michel Temer, e do ex-ministro Moreira Franco”. O o senador Renan Calheiros, sem mencionar diretamente o caso, disse no Twitter que o “STF age dentro da lei. Diferentemente de Moro”. O presidente do partido, Romero Jucá, ainda não se manifestou. Mas

 Renan Calheiros
@renancalheiros
 STF age na lei. Diferentemente de Moro,que prendeu para investigar, vazou seletivamente,condenou sem prova,abusou de coercitivas,influiu nas eleições,foi conivente com a expropriação do dinheiro público pelo MPF de Curitiba. O STF, a institucionalidade, Davi e Maia contam comigo.

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11:53 AM - Mar 21, 2019
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Já as entidades ligadas à Lava Jato celebram as prisões como uma prova de que ninguém está “acima da lei”. Em nota enviada à imprensa, a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) procurou destacar que a operação não poupa nenhum partido. “Essa é mais uma demonstração do profissionalismo e apartidarismo presente nos trabalhos conduzidos pela Polícia Federal”, diz um trecho do texto.

Entre os petistas, o clima é de cautela. Em nota assinada por Gleisi Hoffmann, Humberto Costa e Paulo Pimenta, o partido diz esperar que as prisões tenham sido decretadas “com base em fatos consistentes, respeitando o processo legal, e não apenas por especulações e delações sem provas, como ocorreu no processo do ex-presidente Lula.”

Os parlamentares que comentaram o caso procuram destacar o timing da prisão. “Temer é um canalha. Não merece compaixão. Mas não aplaudo medidas arbitrárias por parte do Estado. Mesmo contra canalhas”, escreveu o ex-deputado Wadih Damous.

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