quinta-feira, 18 de abril de 2019

Macri se rende ao populismo econômico e congela preços

De olho na reeleição, Macri se rende ao populismo econômico e congela preços e tarifas na Argentina

Plano de seis meses chega até as eleições presidenciais de outubro e visam melhorar as chances de Macri permanecer no cargo.


Medida heterodoxa ante o plano firmado com o FMI tenta conter a inflação de  54,7% no país.
Medida heterodoxa ante o plano firmado com o FMI tenta conter a inflação de 54,7% no país. Foto (Reprodução/Governo da Argentina)
O presidente argentino, Mauricio Macri, concordou em estabilizar os preços de cerca de 60 produtos básicos e deter aumentos nas tarifas dos serviços públicos, em uma tentativa de frear a alta inflação, que soma 54,7% nos últimos 12 meses.
As medidas, heterodoxas dentro do plano acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter um empréstimo de US$ 56 bilhões, complementam uma decisão do Banco Central de manter a taxa de câmbio dentro de uma faixa fixa até o fim do ano - entre 39,75 e 51,45 pesos por dólar.

Mauricio Macri dispara seus últimos cartuchos. Tendo de enfrentar uma inflação que está deixando seu Governo nas cordas, não é difícil deduzir que o plano, estabelecido por seis meses, ou seja, até as eleições presidenciais de outubro, também visa melhorar suas chances de permanecer no cargo.

"Todos precisamos de um alívio. Assim, espero que (as medidas) ajudem a percorrer os próximos meses até que as coisas de fundo comecem a funcionar", disse Macri, em mensagem gravada.
Em coletiva de imprensa, o ministro da Economia, Nicolás Dujovne, afirmou que as medidas "trazem alívio em um momento difícil para as famílias", avaladas por uma inflação que em março foi de 4,7% e acumula 54,7% em 12 meses.
Contudo, acrescentou, "estamos convencidos de que vamos ganhar a batalha contra a inflação seguindo adiante reformas estruturais que estamos implementando desde dezembro de 2015" - quando Macri assumiu a Presidência.
Macri, que governa com a coalizão de centro-direita Cambiemos, eliminou diversos controles e subsídios, após anos de política protecionista da ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015).
- Alimentos e transporte -
O plano consiste em um acordo entre o governo e as empresas com o objetivo de "aprofundar a luta contra a inflação e ajudar a reativar a economia", segundo o documento divulgado nesta quarta-feira pela Presidência.
Em março, a inflação no setor dos alimentos foi de 6%, enquanto a acumulada de 12 meses alcançou 64%.
"O problema é que vamos ficar felizes se a inflação em abril for de 3%, mas também seria altíssima. Já não dá mais", afirmou Sergio Albacete, de 50 anos.
Entre os produtos que terão seus preços congelados por seis meses estão óleos, arroz, farinha, macarrão, leite, iogurte e açúcar. A lista também inclui alguns cortes de carne bovina.
Quanto às tarifas de serviços públicos como energia elétrica, gás, transporte público e telefonia celular, o governo concordou que não haverá novos aumentos no ano e até mesmo assumirá a diferença com algumas altas já autorizadas às empresas.
Alicia Pesado, funcionária de uma livraria, observou com irritação que as medidas não incluem proteção contra a demissão. "Estou preocupada com a subsistência, chegando ao final do mês, na livraria que costumávamos ser seis vendedores, agora somos dois, não vendemos nada", disse com preocupação.
As tarifas, que durante anos tiveram subsídios significativos, são um dos itens que mais aumentaram nos últimos anos. O transporte, item com maior alta, somou 67,5% em 12 meses, até março.
Aposentados e famílias que recebem assistência social terão alguns benefícios com acesso ao crédito. Também haverá um alívio nos impostos sobre pequenas e médias empresas que exportem.
AFP

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