domingo, 16 de junho de 2019

A hackeada que saiu pela culatra

Tá tudo explicado, gente. Completamente arquitetado, afinado e orquestrado.


Segundo pesquisa da empresa Atlas Político, 'Sérgio Moro ainda é o político mais popular do Brasil'.
Segundo pesquisa da empresa Atlas Político, 'Sérgio Moro ainda é o político mais popular do Brasil'. (MICHAEL MELO/METRÓPOLES)
Por Carlos Eduardo Leão*
Confesso que tenho me divertido com essa esquerda brasileira. É de dar pena. Tenta de tudo e, no desespero em que se encontra, beira o ridículo. Quanto mais faz mais fede, mais se encalacra e mais se implode. Tenta de tudo para desestabilizar o governo e aprofundá-lo ainda mais na sarjeta em que o colocou durante os 16 tristes anos de incompetência e roubalheira.
Quanto mais o gringo criminoso hackeia Moro, mais Moro é admirado, ovacionado e respeitado. Segundo pesquisa inédita da empresa Atlas político, divulgada pelo jornal El País nesta sexta, 14, “Sérgio Moro ainda é o político mais popular do Brasil”. E pra confirmar minha assertiva, Glenn Greenwald, logo depois do grampo ilegal, foi imediatamente exposto nas mídias em fotos com o seu marido psolista suspeitíssimo, orgulhosamente abraçado à alma mais honesta do mundo, culminando com um “click” num churrasco, “in family”, com a finada Marielle, esposa e alegres crianças. Precisa mais ou vocês querem que eu desenhe? Tá tudo explicado, gente. Completamente arquitetado, afinado e orquestrado.
E as ratazanas da oposição ficaram logo excitadas e assanhadas nos subterrâneos do Congresso. “Queremos CPI do Moro!”, ou “Só votaremos a Reforma da Previdência depois da renúncia de Moro”. Piores do que elas, as ratazanas, são os advogados da “alma mais honesta” que querem a anulação da sentença, soltura imediata da referida alma  e rápida reintegração de posse do triplex e do sítio de Atibaia. E a respeitabilíssima OAB (ou apenas o seu presidente?) que defendeu com unhas e dentes o sigilo telefônico dos advogados de Adélio e agora defende o vazamento e recomenda o afastamento do Moro? É de doer...
Poucas horas depois do escândalo, o formidável J.R.Guzzo publica em sua conta do Twitter que “A clonagem do telefone de Moro é apenas um episódio a mais na única disputa de verdade que existe hoje no Brasil: a guerra pra derrubar Moro, liquidar a Lava Jato, soltar Lula, sabotar o governo e devolver o país aos ladrões: centrão, PT, empreiteiras. Só isso”.
E, pra não ficar atrás, o não menos formidável Augusto Nunes, no mesmo Twitter e na mesma hora, publica: “Alguém sensato acha que Lula não é bandido? Alguém com mais de 5 neurônios nega que a Lava Jato desbaratou o maior esquema corrupto da história? Alguém com juízo duvida de que quem trata como criminosas as conversas entre Moro e Dellangnol é gente com culpa no cartório? Pois é...”.
A divulgação das conversas, muito embora ilegal, sustenta a tese do tiro que saiu pela culatra. O que tem ali é apenas uma coordenação formal de trabalho, portanto legítima e republicana. Não republicanas são as conhecidas e promíscuas relações entre magistrados, advogados, políticos e réus, mantidas a bermudas, festas, jantares e viagens na corte das delícias brasilienses.
A impressão que me passa é que Brasília está testando a paciência do povo. Eu, congressista, não teria essa coragem. Parece que a turma do planalto central não entendeu a força invencível e intransponível de um povo revoltado, calejado com a falcatrua e, sobretudo, ciente de suas convicções pátrias, seus direitos constitucionais e totalmente amadurecido para exigir enfaticamente o cumprimento das promessas de seus representantes que não enganam mais ninguém.
Mexeram com o cara errado. Aviltaram um herói do Brasil.
Amadores? Não creio nem subestimo. Desespero, talvez. Pródromo de um melancólico fim anunciado.
*Carlos Eduardo Leão é médico e cronista

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