sábado, 22 de junho de 2019

EUA e Irã à beira da guerra?


Presidente Donald Trump afirma que suspendeu ataque contra alvos no país persa em retaliação à derrubada de um drone americano.


Modelo do drone dos EUA que foi derrubado pelo Irã perto do Estreito de Ormuz
Modelo do drone dos EUA que foi derrubado pelo Irã perto do Estreito de Ormuz (Exército dos EUA/Reuters)
A tensão entre os Estados Unidos e o Irã cresceu nos últimos dias e chegou a ficar próximo de um confronto militar. O governo de Donald Trump chegou a autorizar um ataque ao Irã, na quinta-feira (20), mas, após intensas conversas entre assessores e líderes do comando militar norte-americano, o presidente suspendeu a ordem porque causaria a morte de cerca de 150 pessoas e afirmou não ter pressa para retaliar o país persa.
Apesar da retórica inflamada, Trump e seus conselheiros sabem que a República Islâmica não é o Iraque de Saddam Hussein. Além de melhores sistemas de defesa, o Irã tem um Exército bem treinado, especialmente a Guarda Revolucionária. Uma retaliação iraniana poderia atingir alvos americanos no Golfo Pérsico e afetar o preço do petróleo em todo o mundo, já que boa parte do transporte é feito pelo Estreito de Ormuz.
Na quinta-feira (20), o Irã abateu um drone de vigilância americano que alegaram estar sobre seu território, mas os EUA afirmam que a aeronave não tripulada foi atingida em águas internacionais. Trump, declarou inicialmente que seu país não toleraria o que chamou de "erro muito grande", mas em seguida pareceu abrandar a crise dizendo que a ação poderia ter sido um erro cometido por uma pessoa no Irã.
O jornal The New York Times informou nessa sexta-feira (21) que o Exército dos EUA chegou a preparar um ataque. Segundo autoridades ouvidas pelo jornal, aviões militares e navios já estavam posicionados para atacar uma série de alvos, como radares iranianos, mas nenhum míssil chegou a ser disparado. Não ficou claro se Trump simplesmente mudou de ideia sobre os bombardeios ou se o governo alterou os planos por causa de uma questão logística ou estratégica.
O presidente americano, no entanto, perguntou a assessores do Estado Maior quantas pessoas seriam mortas e obteve a resposta de um general de que seriam 150 vítimas. "Dez minutos antes do ataque, resolvi pará-lo porque não seria uma resposta proporcional à neutralização do nosso drone, que não era tripulado", afirmou Trump. Por fim, o presidente republicano ainda disse que, em vez de atacar militarmente, preferiu aumentar as sanções contra o país. O The Washinton Post, porém, afirmou que nenhuma nova sanção foi imposta, contrariado o que o presidente afirmou pelo Twitter.
Aviação afetada
Com a escalada das tensões, a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) proibiu aeronaves comerciais norte-americanas de sobrevoar partes do Golfo Pérsico e do Golfo de Omã. Várias outras companhias também suspenderam o tráfego sobre o Estreito de Ormuz, incluindo a holandesa KLM, a britânica British Airways, a alemã Lufthansa, a australiana Qantas e a Singapore Airlines.
O ataque contra o drone ocorre poucos dias depois de autoridades americanas culparem o Irã pelas recentes sabotagens de navios petroleiros que também ocorreram no Estreito de Ormuz, via vital pela qual passa grande parte do petróleo do mundo, uma acusação que o Irã negou.
No Twitter, o chanceler iraniano, Mohamed Javad Zarif, informou que seu país recolheu algumas partes do drone americano em suas águas territoriais após ele ser abatido. No entanto, uma fonte do Exército americano assegurou à agência Reuters que os destroços haviam caído em águas internacionais.
Mais tarde, a Casa Branca informou que Trump e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, país inimigo do Irã, Mohammed bin Salman, conversaram sobre a crise e o mercado mundial de petróleo. A Arábia Saudita é o maior produtor mundial do produto e o transporte passa pelo Estreito de Ormuz.
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Redação Dom Total

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