sexta-feira, 14 de junho de 2019

Festejar santo Antônio, celebrar o Evangelho

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Santo Antônio de Pádua é uma feliz inspiração para o seguimento de Jesus e do Evangelho.
Em junho, o cristianismo vive intensamente aquilo que, desde sempre, configura-o: festa e devoção.
Em junho, o cristianismo vive intensamente aquilo que, desde sempre, 
configura-o: festa e devoção. (Agência Brasil)
Por Felipe Magalhães Francisco*

É junho, tempo em que o coração se aquece, com as devoções e as festividades em honra dos santos do mês. Dos três, o que mais está presente na religiosidade cotidiana é santo Antônio.  Das conversas e simpatias bem-humoradas com vistas ao amor, ao pãozinho dos pobres, Antônio de Pádua está presente na vida dos fiéis. É-nos uma feliz inspiração para o seguimento de Jesus e do Evangelho.  É por isso, aliás, que mantemos a devoção aos santos e santas: eles alcançaram, ao longo da vida, o que almejamos, que é nos configurarmos à vida de Jesus Cristo.

Em junho, o cristianismo vive intensamente aquilo que, desde sempre, configura-o: festa e devoção. A festa é, escatologicamente, antecipação daquilo que esperamos para a eternidade. Não é à-toa que Jesus, muitas vezes, fala do banquete e das núpcias para dizer o Reino de Deus. A festa extrapola sempre o seu sentido imediato: ela é fonte de sentido para a vida; revela que a vida pode ser bem mais que os sofrimentos cotidianos. A festa, como fonte de sentido e possibilidade de ressignificação da própria vida, é produtora de esperança. Festejar, então, os santos e santas, é assumir na própria vida o mistério da Páscoa de Jesus, razão maior de nossa esperança, pois foi isso que esses santos e santas viveram em suas vidas.

Para além da riqueza da religiosidade popular, que emerge da devoção a santo Antônio, há o dado propriamente teológico, que nessa religiosidade se interliga. "Festar" a vida santificada de Antônio de Pádua – bem como de são João Batista e são Pedro – é um caminho pedagógico que nos ajuda a aprofundar nossa experiência de fé e seguimento de Jesus. A celebração do santo, aqui, corresponde – e precisa corresponder – à celebração do Evangelho. É o que nos ajuda a discernir, os três artigos que compõem nosso Dom Especial desta semana.

O primeiro artigo, Religiosidade do povo e anarriês, de Rodrigo Ladeira, lança um olhar teológico a respeito da efervescência religiosa que emerge das festas juninas. A partir de três elementos essenciais dessas festas, a fogueira, a quadrilha e as guloseimas, o autor propõe sua reflexão, buscando nas Sagradas Escrituras uma chave de leitura para esses elementos.

Rodrigo Ferreira, no artigo O pãozinho de Santo Antônio e o milagre da partilha, lê a tradição que gira ao redor dos pãezinhos, bastante forte na religiosidade nascida do povo, a partir da compreensão teológica e, com isso, leva-nos a compreender essa tradição a partir do Evangelho. Tudo isso nos leva a um questionamento ético, bem como a uma postura cristã no mundo.

Essas celebrações festivas e tradições religiosas reclamam uma reflexão a respeito do significado da vida de discípulo deste que os fiéis reconhecem como Santo. Para dar esse salto, Antônio Ronaldo Nogueira propõe o artigo Santo Antônio e o Evangelho: serviço e testemunho.

 Boa leitura!

*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a editoria de religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.

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