terça-feira, 18 de junho de 2019

Lava Jato desistiu de investigar FHC após verificar que provas iriam favorecer defesa de Lula

Editor do Intercept aponta contradição dos procuradores da Lava Jato
De acordo com as conversas, os procuradores queriam incluir FHC no rol de investigados para acalmar o ânimo dos críticos;, mas desistiram ao verificar que as provas poderiam ser classificadas como crime tributário e não corrupção e reforçariam os argumentos de defesa do ex-presidente Lula

18 de junho de 2019, 23:07 h Atualizado em 18 de junho de 2019, 23:21
1
Editor do Intercept aponta contradição dos procuradores da Lava Jato

247 -  Novo trecho das conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores de Curitiba, divulgados pelo The Intercept, revela a preocupação da Lava Jato em demonstrar "imparcialidade" das investigações.

PUBLICIDADE

Depois de ser enquadrado por Moro que não gostou de saber que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) estava na mira das investigações, Dallagnol questionou os procuradores num grupo chamado Conexão Bsb-CWB, que reunia procuradores de Brasília e Curitiba, já que o caso estava em Brasília e as provas foram adquiridas por Curitiba.

De acordo com as conversas, os procuradores queriam incluir o PSDB no rol de investigados para acalmar o ânimo dos críticos. Em uma conversa no dia 17 de novembro de 2015, pontanto bem antes da conversa que Moro teve com Dallgnol (2017), o procurador Roberson Pozzobon sugeriu investigar, num mesmo procedimento, pagamentos da Odebrecht aos institutos de Lula e FHC.

“Assim ninguém poderia indevidamente criticar nossa atuação como se tivesse vies partidário”, justificou Pozzobon. “A da LILS [empresa que agencia as palestras de Lula] vocês já sabem os indícios para a investigação, mas vejam essa fratura expostas da Fundação iFHC”, disse ao grupo.

Na conversa de Moro, ele se referia a notícia na imprensa sobre caixa 2 nos anos 1990, que de fato prescreveram. Mas os pagamentos apontando por Pozzobon não estariam prescritos, caso fossem propina.

Pozzobon sugeriu ao grupo aprofundar a investigação sobre as doações. Mas a euforia dos procuraores durou pouco. Alguns deles ficaram preocupados que o fato poderia ser classificado como crime tributário, reforçando os argumentos de defesa do ex-presidente Lula. 

PUBLICIDADE

Diogo – 21:44:28 – Mas será q não será argumento pra defesa da lils dizendo q eh a prova q não era corrupção?

Welter – 21:51:24 – 149967.ogg

Roberson – 22:07:24 – Pensei nisso tb. Temos que ter um bom indício de corrupção do fhc/psdb antes

Dallagnol – 22:14:24 – Claro

Dallagnol – 22:18:00 – Será pior fazer PIC, BA e depois denunciar só PT por não haver prova. Doação sem vinculação a contrato, para influência futura, é aquilo em Que consiste TODA doação eleitoral

"Quase um ano e meio depois dessa conversa, o fim do sigilo da delação de Marcelo Odebrecht, filho de Emílio, mostraria que o esquema de remessa de dinheiro aos institutos de FHC e de Lula tinha um modus operandi semelhante. A Fundação FHC – ex iFHC – disse ao Intercept que os valores recebidos foram regularmente contabilizados e que “não tem conhecimento de qualquer investigação ou denúncia do MPF tendo por base as doações feitas pela Odebrecht'", destaca o The Intercept.


Nenhum comentário:

Postar um comentário