segunda-feira, 3 de junho de 2019

Papa Francisco pede 'perdão' a ciganos vítimas de discriminação

'Carrego um fardo', acrescentou, 'o peso das discriminações, das segregações', acrescentou.



'Quando estamos na rua, todos nos apontam e dizem 'olhem um cigano'. Não gostamos disso'.
'Quando estamos na rua, todos nos apontam e dizem 'olhem um cigano'. Não gostamos disso'. (Tiziana FABI / AFP)
O papa Francisco pediu "perdão" aos ciganos em nome da Igreja pelas "discriminações" contra o grupo, durante um encontro neste domingo com representantes desta comunidade na Romênia, no último ato da viagem de três dias ao país.
"Peço perdão, em nome da Igreja, ao Senhor e a vocês, pelas vezes em que, no curso da história, nós os discriminamos, maltratamos ou os olhamos mal", declarou o pontífice em um discurso dirigido à comunidade cigana da cidade de Blaj, na região central da Romênia.
"Carrego um fardo", acrescentou, "o peso das discriminações, das segregações e dos maus-tratos sofridos por sua comunidade. A História nos diz que até mesmo os cristãos, inclusive os católicos, não são alheios a tanto mal".
Francisco foi recebido por milhares de pessoas no bairro de Barbu Lautaru, construído ao redor de uma rua estreita, de casas pequenas. Mais cedo, o pontífice beatificou sete bispos mártires do regime comunista.
"É importante que peça perdão, pois em todos os países o racismo voltou", declarou à AFP Vasile Razaila, um jovem de 16 anos. "Quando estamos na rua, todos nos apontam e dizem 'olhem um cigano'. Não gostamos disso".
"Círculo vicioso"
"É na indiferença que crescem os preconceitos e se atiçam os rancores", disse o papa, que criticou ""as palavras nocivas" e "as atitudes que semeiam ódio e criam distância".
Na última etapa de sua viagem de três dias à Romênia, o papa se reuniu com integrantes da minoria cigana, que tem entre um e dois milhões de pessoas em um país com 20 milhões de habitantes, onde constituem uma comunidade pobre e com frequência marginalizada.
Na Europa, o número de ciganos é calculado em entre 10 e 12 milhões.
Apesar do nível de vida dos ciganos ter melhorado desde que o país entrou para a União Europeia (em 2007), ainda existem "bolsões de miséria, guetos urbanos ou rurais onde nada mudou", afirmou o sociólogo Gelu Duminica, originário desta comunidade.
"É um círculo vicioso, no qual o acesso limitado à educação leva a um reduzido acesso ao mercado del trabalho", completou Duminica.
A minoria romani continua esperando que a Igreja ortodoxa, majoritária no país, peça desculpas depois de ter submetido a comunidade à escravidão durante 500 anos, até meados do século XIX.
O papa dedicou a viagem à Romênia à "coexistência fraternal" entre religiões, idiomas e culturas. O país, que tem a segunda maior Igreja ortodoxa do mundo em número de fiéis, reconhece 18 minorias nacionais, fruto da história de um território que fica em cruzamento de influências latinas, orientais e eslavas.
AFP

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