sábado, 29 de junho de 2019

Procuradores questionam ida de Moro para o governo: ' Viola sempre o sistema acusatório'

Os procuradores também ficaram irritados com a postura da esposa de Moro na noite do segundo turno das eleições. Rosângela comemorou explicitamente a vitória de Bolsonaro nas redes sociais.


Sergio Moro (d) aceitou convite para ser ministro de Bolsonaro dias após a eleição
Sergio Moro (d) aceitou convite para ser ministro de Bolsonaro dias após a eleição (Carolina Antunes/PR)
Novas conversas privadas atribuídas a integrantes da Lava Jato mostram que os procuradores reclamaram de violações éticas cometidas pelo então juiz Sergio Moro, especialmente pelo fato de ele ter aceitado, logo após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública no governo. O conteúdo das novas supostas trocas de mensagens foi divulgado na madrugada deste sábado (29) pelo site The Intercept Brasil
“Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”, disse a procuradora Monique Cheker em 1º de novembro, pouco antes de o ex-juiz anunciar ter aceito o convite de Jair Bolsonaro.  
Até Deltan Dallagnol mostrou insegurança com a decisão de Moro. “Temos uma preocupação sobre alegações de parcialidade que virão”, disse em outro chat.
Segundo o The Intercept Brasil, as informações fazem parte um lote de arquivos enviados por uma fonte anônima há algumas semanas para a empresa de comunicação, contendo mensagens de texto, áudio e vídeo trocadas entre 2015 e 2018 pelo aplicativo Telegram.  As conversas divulgadas neste sábado  estão na oitava parte de um conteúdo gigantesco que o site garante possuir. Tanto o ministro quanto os procuradores alegam não reconhecer a veracidade das conversas e condenam a invasão 'criminosa' de celulares.
Os supostos diálogos postados neste sábado (29) mostram que integrantes da força-tarefa da Lava Jato e outros procuradores avaliaram que a atuação política do atual ministro deixava sobre eterna dúvida a legitimidade e o legado da operação. 
Segundo o Intercept, a possível ida de Moro para o governo Bolsonaro começou a ser questionada em 31 de outubro, um dia antes do anúncio do então juiz. A procuradora Jerusa Viecili, integrante da força-tarefa em Curitiba, escreveu no grupo Filhos do Januario 3: “Acho péssimo. Só dá ênfase às alegações de parcialidade e partidarismo.”
A procuradora Laura Tessler, também da força-tarefa, reforçou: “Tb acho péssimo. MJ nem pensar… além de ele não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a LJ. Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo. E Bozo é muito mal visto… se juntar a ele vai queimar o Moro.” Viecili completou: “E queimando o moro queima a LJ”. Outro procurador da operação, Antônio Carlos Welter, enfatizou que a postura de Moro era “incompatível com a de Juiz”:
Reprodução InterceptReprodução Intercept
1º de novembro - dia que ficou claro que Moro seria ministro da Justiça:
Reprodução InterceptReprodução Intercept
1º de novembro - Moro confirmado:

Reprodução Intercept
Dias depois de Moro ter aceitado o convite de Bolsonaro, Deltan Dallagnol confessou estar preocupado com os danos causados à credibilidade da Lava Jato.
LEIA TAMBÉM:

Redação Dom Total

Nenhum comentário:

Postar um comentário