segunda-feira, 8 de julho de 2019

Brasil é campeão da Copa América da vergonha

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A seleção brasileira ganhou a Copa América que foi um fiasco em todos os sentidos; de bom, só Neymar não estar na foto dos campeões.
A seleção brasileira ganhou a Copa América que foi um fiasco em todos os sentidos; de bom, só Neymar não estar na foto dos campeões. (THIAGO BERNARDES / FramePhoto/Gazeta Press)
Por Juliano Paiva

Baixa qualidade técnica dos jogos, gramados ruins, ingressos muito caros, arbitragem contestada e uso político do torneio. O Brasil saiu da fila, levantou a taça de novo em casa, mas há pouco o que se comemorar. A Copa América 2019 entra para a história como a da vergonha e precisa ser lembrada por muito tempo para que os erros não se repitam. 

Em se tratando de gramados, houve reclamação de todas as seleções, inclusive da brasileira. As condições ruins irritaram em especial jogadores como Lionel Messi e Thiago Silva, acostumados com os tapetes europeus. Erro imperdoável do comitê local que disponibilizou poucos estádios e da Conmebol que os aceitou. Morumbi, Fonte Nova, Maracanã, Mineirão e as arenas Corinthians e do Grêmio foram os escolhidos. 

São Paulo foi a única sede com dois palcos. Se fosse feito o mesmo nas outras cidades ou regiões, haveria menos jogos por estádio, melhorando a qualidade da grama. Castelão, que fica no Nordeste como Salvador; Beira-Rio, em Porto Alegre; Nilton Santos, no Rio; e Independência, em Belo Horizonte, estão mais do que aptos para receber partidas.  

Sim, Independência. O estádio do Horto, além de “aliviar” o gramado do Mineirão, seria mais do que suficiente para receber, por exemplo, Bolívia 1 x 3 Venezuela, que registrou o menor público do torneio.  Apenas 4.460 torcedores pagaram ingressos para ver a partida na Pampulha. 

Lembramos, então, de outro ponto negativo da Copa América. O preço dos ingressos. Durante a competição, o mais barato foi R$ 120 e o mais caro, R$ 800. Completamente inviável para a maioria da população num país com 13 milhões de desempregados. O resultado foi o pior possível. Estádios vazios, sem clima de jogo. Ou frios, mudos, como na final no Maracanã, quando o Brasil era pressionado pelo Peru. 

E o campeão? É verdade que o Brasil é uma seleção com um bom sistema defensivo, competitiva, mas comum, que não brilha. Tem dificuldade contra boas defesas, as retrancas, e isso não é de hoje. Não por acaso, não ganha uma Copa do Mundo desde 2002. Uruguai e Argentina também decepcionam há décadas no Mundial.  Isso evidencia a baixa qualidade técnica da Copa América, um Campeonato Mineiro com grife, que teve vários jogos muito ruins, o que já era previsível. 

A arbitragem foi outra grande vergonha. Errou muito ou é muito caseira. Como dar o pênalti do peruano Zambrano em Everton, na final, e não dar aquele de Arthur no argentino Otamendi, na semifinal?  Lances idênticos – ombro a ombro ou trombada, como queiram – e decisões diferentes. 

Aquele é apenas um exemplo, pois os árbitros erraram nas pequenas e grandes decisões. Erraram mesmo com VAR demorando para dar o veredito. O tempo médio de utilização do recurso na Copa da Rússia foi de um minuto e aqui, na Copa América, seis minutos. Uma “vida”!

Para completar o desastre que foi a Copa América da vergonha, houve uso político da competição, o que a Fifa proíbe, com Bolsonaro indo ao gramado no intervalo do jogo contra a Argentina. Isso colocou os brasileiros uns contra os outros no Mineirão, o que é ruim num jogo importante e difícil.  No Maracanã, ao entrar em campo para entregar as medalhas aos atletas, foi massivamente vaiado.  

Ah, mas teve um lado positivo. A seleção brasileira foi campeã sem Neymar. Sim, sem aquele ótimo jogador, que não é craque, mas sim um cai cai, que provoca adversários, e fica esquentadinho quando confrontado. Isso foi bom demais! 

Juliano Paiva
é jornalista formado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente editor do Dom Total, Paiva trabalhou nos jornais O Tempo, Hoje em Dia e no extinto Diário da Tarde, tradicional periódico de Belo horizonte fechado pelos Associados Minas em julho de 2007. No DT, começou como repórter da editoria Cidades, mas, na época do fechamento do jornal, fazia cobertura esportiva. Também foi responsável pela cobertura de jogos do Campeonato Brasileiro para a Folha de São Paulo no segundo semestre de 2007.

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