segunda-feira, 1 de julho de 2019

Cientistas políticos comentam atos pró-Moro e em defesa de reformas

Para eles, as manifestações não alteram o quadro político e nem pressionam o Congresso, que deve seguir tratando das reformas como parte de sua agenda normal.


Apesar de não trazerem nenhum fato novo à agenda política, os atos servem para ajudar Moro a se manter em seu cargo no governo Bolsonaro.
Apesar de não trazerem nenhum fato novo à agenda política, os atos servem para ajudar Moro a se manter em seu cargo no governo Bolsonaro. (Pilar Olivares/Reuters)
O cientista político Luciano Dias, da CAC Consultoria Política, avalia que, é "zero" o impacto político das manifestações em apoio ao ministro Sérgio Moro e às reformas do governo Bolsonaro realizada em várias cidades brasileiras nesse domingo, 30. "Não criou nenhum fato novo. O ambiente político permanece inalterado", disse ele Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. 
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Durante todo o dia, apoiadores do ministro Sergio Moro e da Operação Lava Jato realizaram atos pelo país. Nos protestos, também foram observadas menções de apoio à reforma da Previdência e ao pacote anticrime, proposto pelo ministro da Justiça.
Por conta do impacto relativamente neutro das manifestações, Dias afirmou que o Congresso vai seguir tratando das reformas como parte de sua agenda normal. "Manifestação da mesma parcela de classe média brasileira, que está mobilizada desde 2013, não assusta e nem intimida parlamentares", afirmou o cientista político. 
Quanto à aprovação e popularidade do presidente Jair Bolsonaro, Dias considera que a manifestação terá reflexos insignificantes. "As pesquisas mostram a trajetória declinante de Bolsonaro. Já Moro é invisível para maior parte da sociedade brasileira. Quem o reconhece são os que estão nesses atos".
Popularidade que não gera vitórias automáticas
Para o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria Integrada, os atos favoráveis ao ministro da Justiça Sérgio Moro, que aconteceram em várias cidades do Brasil nesse domingo, 30, não trazem nenhum "fato novo" ao cenário político. Ele acredita, no entanto, que a presença dos manifestantes nas ruas é relevante, inclusive para ajudar Moro a se manter no governo.

"Parece ser relevante esse apoio organizado em um momento em que essa agenda da Lava Jato ainda ocupa espaço no debate político", disse Cortez, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Para ele, a divulgação de mensagens atribuídas a Moro fez com que ele perdesse o status de "superministro", o que "de alguma maneira facilita as relações de Bolsonaro com ele".

Cortez avalia ainda que os atos, ainda que não tragam novidades ao cenário, mostram que há uma parcela relevante da população disposta a defender nas ruas a agenda do governo de Jair Bolsonaro.

Ainda assim, isso não torna mais fácil para o governo a construção de uma base parlamentar. "Essa é uma popularidade que não gera vitórias automáticas para a agenda bolsonarista", considerou.

O analista acredita que as críticas ao Congresso, presentes nas manifestações, não mudam a velocidade da agenda de reformas entre os parlamentares. "A crítica não impediu que a elite da Câmara dos Deputados, com destaque para o Rodrigo Maia, tomasse a Previdência como agenda sua. O fundamental é saber se o final do semestre legislativo vai compensar os atrasos gerados pela retórica bolsonarista", disse ele.
Agência Estado/Dom Total

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