segunda-feira, 29 de julho de 2019

Fala de Bolsonaro sobre Glenn é ameaça à liberdade de imprensa, dizem entidades

"Ele não vai embora, o Green pode ficar tranquilo. Talvez ele pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não".


Ameaça do presidente causa indignação em entidades que representam os jornalistas
Ameaça do presidente causa indignação em entidades que representam os jornalistas (Marcos Corrêa/PR)
Entidades de imprensa reagiram às declarações ameaçadoras feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) contra o jornalista americano Glenn Greenwald.  Bolsonaro disse nesse sábado (27) que Glenn “Talvez pegue uma cana aqui no Brasil”.
A declaração de Bolsonaro é vista pelo jornalista e por entidades de classe como ameaça, já que Glenn é o responsável por divulgar, no site The Intercept Brasil, conversas privadas comprometedoras e de interesse público entre Sergio Moro e procuradores da Lava Jato.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) publicou em rede social que “ao ameaçar de prisão um jornalista que publica informações que o desagradam, o presidente Bolsonaro promove e instiga graves agressões à liberdade de expressão. Sem jornalismo livre, as outras liberdades também morrerão”. A Abraji pede o fim do que chama de perseguição ao jornalismo.
A Associação Brasileira de Imprensa também classificou a fala de Bolsonaro como ameaça à liberdade de imprensa e ressaltou que trata-se de uma tentativa de Bolsonaro de intimidar um jornalista independente.
Glenn Greenwald rebateu os "comentários perturbados" do presidente. "Ao contrário dos desejos de Bolsonaro, ele não é (ainda) um ditador. Ele não tem o poder de ordenar pessoas presas. Ainda existem tribunais em funcionamento. Para prender alguém, tem que apresentar provas para um tribunal que eles cometeram um crime. Essa evidência não existe", publicou o jornalista no Twitter.

Ao contrário dos desejos de Bolsonaro, ele não é (ainda) um ditador. Ele não tem o poder de ordenar pessoas presas. Ainda existem tribunais em funcionamento. Para prender alguém, tem que apresentar provas para um tribunal que eles cometeram um crime. Essa evidência não existe.
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A declaração do presidente foi dada durante evento na Vila Militar, em Deodoro, no Rio de Janeiro. O presidente comentava uma portaria publicada esta semana pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que permite a deportação "sumária" de estrangeiros considerados "perigosos". Bolsonaro, porém, negou que a medida tenha ligação com o jornalista americano, cujo site vem publicando supostos diálogos entre Sergio Moro e procuradores da Lava Jato em Curitiba.
Adoção
Glenn Greenwald também criticou a fala de Bolsonaro sobre a adoção de seus dois filhos. Segundo Greenwald, ele se casou com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) há 14 anos. "Sugerir que alguém adotaria - e cuidaria de - dois filhos para manipular a lei é nojenta. O Brasil tem 47 mil crianças em abrigos. A adoção é linda e deve ser encorajada, não zombado", escreveu o jornalista. Bolsonaro sugeriu que o casal teria adotado os filhos para se proteger se supostas sanções.
Redação

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