segunda-feira, 29 de julho de 2019

Jesus, o Bom Pastor: inspiração de um comportamento cristão

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Pastores do Evangelho é o que a Igreja, cada vez mais, necessita, para motivar, na unidade, a missão cristã.
Todos os batizados e batizadas são chamados a serem pastores e pastoras, no Espírito do Ressuscitado.
Todos os batizados e batizadas são chamados a serem pastores e pastoras, no Espírito do Ressuscitado. (Unsplash/ Foyn)
Por Felipe Magalhães Francisco*

Crê-se que toda pessoa batizada esteja ligada à vida pascal e à missão de Jesus Cristo. No catolicismo, fala-se da participação no triplo múnus de Cristo: sacerdócio, profecia e reinado. Este último compreende-se não na perspectiva do poder, mas do serviço, o que se entende como pastoreio. Todos os batizados e batizadas são chamados a serem pastores e pastoras, no Espírito do Ressuscitado: batismo e crisma, nessa perspectiva, estão necessariamente ligados.

Bispos, ministerialmente implicados na sucessão apostólica, estão bem remetidos a esta imagem de pastor. Pastoreiam uma parcela do povo de Deus. O pastor dá a vida por suas ovelhas, ensina Jesus! A Igreja no Brasil conheceu pessoas que, servindo no ministério episcopal, encarnaram bem esse papel de pastores. Atualmente, nos meios eclesiais, nota-se um saudosismo em relação a isso: faltam-nos essas referências. Bons pastores animam e inspiram seus pastoreados a também atuarem como bons pastores na sociedade, verdadeiro lugar da missão cristã.

Francisco, Bispo de Roma, tem feito um bom papel, nessa perspectiva. Em seu ministério de unidade de toda a Igreja, tem feito um convite permanente a que sejamos uma Igreja evangélica e servidora. Do ponto de vista institucional, em larga medida, sua voz é como uma voz no deserto: não tem encontrado muitos hierarcas que a escutem. Ao contrário, cresce o número de opositores, tanto à luz quanto nas sombras. Os das sombras são os mais preocupantes! A postura de Francisco é inspiradora: ele não busca silenciar seus opositores; não os persegue. Francisco parece compreender que o contraditório não é uma coisa ruim. Ele não cedeu à tentação do discurso único. Unidade não é uniformidade. Isso é essencial para uma boa compreensão da missão de pastoreio.

Além disso, outro elemento merece destaque: cuidar da unidade dos fiéis não significa não assumir um lado. É aqui que a missão de pastoreio está iminentemente ligada à da profecia. O Evangelho exige uma postura; não é possível ficar encima do muro, para evitar conflitos. Os conflitos devem ser resolvidos à luz da sabedoria da fé e da caridade. Mas esses conflitos, enquanto o Evangelho for uma opção na vida da Igreja, existirão. Quem aparentemente não toma partido, tomba para o lado opressor. Atualmente, não tem sido difícil perceber como alguns bispos têm caído nessa armadilha.

Uma horda de grupos ultraconservadores tem feito uma pressão absurda, policialesca, que tem acuado lideranças eclesiásticas. O caminho é antievangélico. Incitam à perseguição, os clérigos que não comungam com a cartilha reacionária. Pressionam, de modo vil, com ameaças baixas, aqueles que estão em posições chaves, pastoralmente. Urge a parresia evangélica que tire de tais grupos o poder que têm alcançado. Pastores do Evangelho é o que a Igreja, cada vez mais, necessita, para motivar, na unidade, a missão cristã. Pastores com a coragem para tomar partido, em fiel atenção aos sinais dos tempos, rompendo com as pressões que querem enclausurar a Igreja em si mesma. É preciso ser quente ou frio: o que é morno, Deus vomita!

*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.

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