domingo, 28 de julho de 2019

Três chamadas de Jesus

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Reflexão sobre o Evangelho do 17º Domingo Comum - Lc 11,1-13
As três chamadas de Jesus convidam-nos a despertar a confiança no Pai.
As três chamadas de Jesus convidam-nos a despertar a confiança no Pai. (Juliane Liebermann/ Unsplash)
Por José Antonio Pagola*

“Eu vos digo: Peçam e lhes será dado. Procurem e encontrarão! Chamai e se vos abrirá.” É provável que Jesus tenha proferido essas palavras quando se deslocava pelas aldeias da Galileia, pedindo algo para comer, procurando abrigo e batendo à porta dos vizinhos. Ele sabia aproveitar as experiências mais simples da vida para despertar a confiança dos seus seguidores no Pai Bom de todos.

Curiosamente, em nenhum momento nos é dito o que temos que pedir ou procurar nem em que porta bater. O importante para Jesus é a atitude. Diante do Pai devemos viver como pobres que pedem o que necessitam para viver, como pessoas perdidas que procuram o caminho que não conhecem bem, como pessoas indefesas que chamam à porta de Deus.

As três chamadas de Jesus convidam-nos a despertar a confiança no Pai, mas este convite é realizado com matizes diferentes. “Pedir” é a atitude própria do pobre. Temos que pedir a Deus o que não podemos dar a nós mesmos: o alento da vida, o perdão, a paz interior, a salvação. “Procurar” não é somente pedir. É, além disso, dar passos para conseguir o que não está ao nosso alcance. Assim, devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça: um mundo mais humano e digno para todos. “Chamar” é bater à porta, insistir, gritar a Deus quando o sentimos longe.

A confiança de Jesus no Pai é absoluta. Quer que os seus discípulos nunca o esqueçam: o que pede, está a receber; o que procura encontra e o que chama se lhe abre. Jesus não diz o que recebem concretamente os que estão a pedir, o que encontram os que procuram ou o que alcançam os que gritam. Sua promessa é outra: aqueles que confiam em Deus, recebem; aqueles que acodem a Ele recebem “coisas boas”.

Jesus não dá explicações complicadas. Dá três exemplos que os pais e as mães de todos os tempos podem entender. Quem é o pai ou a mãe que, quando o filho lhe pede um pedaço de pão, lhe dá uma pedra como as que se veem no caminho? Ou, se lhe pede um peixe, lhe dará uma cobra? Ou, se lhe pede um ovo, lhe dará um escorpião daqueles que se veem na margem do lago?

Os pais não escarnecem dos seus filhos. Não os enganam, nem lhes dão algo que possa prejudicá-los, a não ser "coisas boas". Jesus tira rapidamente a conclusão. “Quanto mais o vosso Pai do Céu dará o seu Espírito Santo àqueles que lhe peçam”. Para Jesus, o melhor que podemos pedir e receber de Deus é seu Sopro, seu Espírito, seu Amor que sustenta e salva a nossa vida.

*José António Pagola é padre e tem dedicado a sua vida aos estudos bíblicos, nomeadamente à investigação sobre o Jesus histórico. Nascido em 1937, é licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagradas Escrituras pelo Instituto Bíblico de Roma (1965), e diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no seminário de San Sebastián (Espanha) e na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha (sede de Vitória), foi também reitor do seminário diocesano de San Sebastián e vigário-geral da diocese de San Sebastián.

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