sexta-feira, 19 de julho de 2019

Ultraje


A sociedade brasileira não pode se dobrar à truculência desses grupos minoritários.


O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, um dos mais sérios e deputados profissionais em seu campo de atuação.
O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, um dos mais sérios e deputados profissionais em seu campo de atuação. (Marcos Oliveira/Agência Senado)
Por Eleonora Santa Rosa*
O recente episódio acontecido em Paraty, durante a Flip, com o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, um dos mais sérios e deputados profissionais em seu campo de atuação, detentor de sólida formação acadêmica e experiência, aponta para a exacerbação das posições e atitudes daqueles que se imaginam mandatários da nação após as eleições e que não conseguiram, ainda, compreender ou mesmo apreender as lições básicas da democracia e da civilização.
A natureza fascista dos protestos contra sua palestra, os rojões e impropérios dirigidos a ele, assim como ao público presente, a passividade/morosidade dos policiais que deveriam zelar pela segurança do evento e da cidade, e o deprimente espetáculo que se sucedeu, com direito a muitos berros e música em altura insuportável (pobre hino nacional, ultrajado em seu sentido maior), deveria ser motivo de vergonha nacional.
Toda essa virulência escabrosa com o intuito de calar e amedrontar o jornalista e a assistência presente, interessada em ouvir seu depoimento, em conhecer e compartilhar sua luta contra o abuso de poder, a censura, a subserviência do jornalismo à lá Casa Grande, e, sobretudo, em participar do debate com aquele que é o responsável pela mais importante e impactante série de reportagens e matérias, ainda sem fim previsível, dedicada a fatos momentosos e controversos  da cena política brasileira atual – a Operação Lava Jato.
Refletindo sobre a cena de brutalidade e deseducação, sobre a índole totalitária vigente entre os partidários desses achincalhamentos, torna-se cada vez mais urgente a ampla e clara manifestação de resistência em defesa da demarcação do território inegociável da preservação dos direitos de livre pensamento, de expressão, de comportamento, de liberdade de imprensa, de credo, de opção sexual etc.
A sociedade brasileira não pode se dobrar à truculência desses grupos minoritários, de exígua envergadura moral e visível comportamento primitivo, de cenho repressor, partidários da violência expressa por seus punhos e muques torneados pela ignorância infinita, disruptiva e abusiva contra todo aquele que pensa, sente, acredita ou vive de modo diferente. Suas atitudes prepotentes e vulgares ultrajam a pátria a todo instante.

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